segunda-feira, 5 de novembro de 2007

conversa entre irmãs

-meu deus, a criatura ainda nega com a maior cara de pau que tomou testosterona...

- cara de pau com barba, ainda por cima! olha ali!









"tenho a sorte de ter uma produção natural de hormônio masculino acima do normal..."










sério, se sendo mulher a gente já tem que depilar um monte de lugares, imagina com uma dose extra de testosterona...é muito amor pelo esporte. puta que pariu.

sábado, 6 de outubro de 2007

Tem gente que não começa o dia sem tomar café da manhã.
Tem quem não levante da cama antes de se espreguiçar beeeeem devagar.
Tem ainda aqueles que jamais ousam colocar o pé esquerdo no chão antes de "começar o dia com o pé direito".

Pra ela, o dia não começava sem que ela estralasse a canela direita. E já fazia isso com uma destreza incrível: era só levantar o dedão do pé e tensionar de leve a panturrilha. Aí era só esperar o CLEC! e pronto: o dia havia começado.

Naquele dia a canela não estralou. Não havia jeito: levantava o dedão, tensioniava a panturrilha, girava o quadril de um lado pro outro, esticava a perna. Nada. Ficou quase dez minutos esperando pelo CLEC! Com medo de perder o ônibus, desistiu da canela e levantou assim mesmo. Mas sabia (ela sempre sabia) que aquele dia não seria igual aos outros. Sem o estralo da canela, tudo seria diferente.
Durante todo o trajeto do ônibus tentou discretamente estralar o maldito músculo, mas o dedão não levantava direito dentro da bota. Esticou discretamente a perna embaixo do banco da frente...nada.
Àquela altura, o mau humor já tinha ultrapassado a hora-limite e havia se estendido pro resto do dia, ela sabia.

Trabalhou o dia inteiro encucada com a canela. Talvez ela nunca mais conseguisse estralar aquele lugarzinho tão bom, que tinha o poder de fazê-la começar o dia com mais ânimo. Aí então ela teria que achar alguma outra parte pra estralar. Já havia perdido a habilidade de estralar o pescoço, o punho esquerdo, o ombro direito e os dois joelhos. Começou a ensaiar a estralação na canela esquerda. Mas a perna esquerda era tão descoordenada que ela tinha que pensar com muita concentração apenas pra saber "onde tá o dedão esquerdo mesmo?" Não ia dar certo.

Foi um daqueles dias úmidos e cinzas. Quando enfim estava chegando em casa, desolada, ainda foi surpreendida por uma dessas chuvas-que-vêm-do-nada. Teve que correr. Chegou no elevador ofegante, tapando com a bolsa a transparência da camisa branca molhada.
Agradeceu a gentileza do vizinho (sim, aquele charmosééérrimo!) de tê-la esperado com a porta do elevador aberta. Assim que entraram "ó, tudo bom?" , "oi, tudo!". Ele virou pro espelho, arrumou os cabelos e... estralou o pescoço! Ela lembrou da canela e, na última tentativa do dia, espichou a perna pro lado dele. Como uma sinfonia o "CLEC!" veio, como uma bomba de serotonina.

Ele sorriu pra ela. Ela sorriu de volta.
Enfim, o dia havia começado.

domingo, 30 de setembro de 2007

muita areia pro meu caminhãozinho.

abri o site da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia na esperança de que a minha memória estivesse me traindo. Há alguns meses, lembro de ter visto que as inscrições pro Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia, que esse ano vai ser aqui em Gramado, seriam em torno de 800-900 reais.
eu juro que ainda alimentava uma pontinha de esperança de que tudo isso não fosse bem assim, ou que pelo menos o valor pudesse ser parcelado em suaves prestações.

que tolinha que eu sou.

a partir de amanhã, até o dia da abertura do congresso (16 de outubro), as inscrições passam a ser 970 reais. Sério, NOVECENTOS E SETENTA REAIS. Mais hospedagem, comida, etc. Fora os 3 dias de afastamento do trabalho, que soariam como uma catástrofe na clínica, porque a minha chefe não entende que essas coisas são importantes. (alguém já viu "o diabo veste prada"? se pelo menos a minha chefe chata fosse elegante que nem a Miranda, ou eu tivesse a cara da Andy, mas nem isso...)

Dou muita importância pra eventos científicos, tenho muita vontade de ver, ler, ouvir e aprender coisas novas, me antenar nas novidades, estar no meio de pessoas importantes na minha área...mas NOVECENTOS E SETENTA REAIS ainda é muito dinheiro pra mim. me resta fechar a janela do site e lamentar profundamente. um congresso desse tamanho no pátio de casa e eu não vou nem poder espiar da janela. é foda.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Efeito Borboleta



Tu beso se hizo calor,
luego el calor, movimiento,
luego gota de sudor
que se hizo vapor, luego viento
que en un rincón de La Rioja
movió el aspa de un molino
mientras se pisaba el vino
que bebió tu boca roja.


Tu boca roja en la mía,
la copa que gira en mi mano,
y mientras el vino caía
supe que de algún lejano
rincón de otra galaxia,
el amor que me darías,
transformado, volvería
un día a darte las gracias.


Cada uno da lo que recibe
y luego recibe lo que da,
nada es más simple,
no hay otra norma:
nada se pierde,
todo se transforma.


El vino que pagué yo,
con aquel euro italiano
que había estado en un vagón
antes de estar en mi mano,
y antes de eso en Torino,
y antes de Torino, en Prato,
donde hicieron mi zapato
sobre el que caería el vino.


Zapato que en unas horas
buscaré bajo tu cama
con las luces de la aurora,
junto a tus sandalias planas
que compraste aquella vez
en Salvador de Bahía,
donde a otro diste el amor
que hoy yo te devolvería...

Todo se transforma - Jorge Drexler

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

sobre terapiar

Trabalhar com crianças só tem vantagens. só hoje eu:

- pulei amarelinha e dei um banho de agilidade e destreza na guriazinha mesmo depois de anos sem praticar. tirei a sandália e ganhei sem dó. ou iés.
- joguei banco imobiliário e o jogo da vida.
- fizemos um megacastelo com cubos de madeira que ficou tão afudê que eu chemei a minha chefe pra ver.
-apostei uma caixa de bis com o meu paciente colorado pro grenal de domingo.
- e o melhor do dia: CONSEGUI O DVD DO SHREK TERCEIRO EMPRESTADO!

eu ando cansada, mas amo o meu trabalho!

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

sobre os sexos

tem uma revista chamada "Mente e Cérebro" que é genial.
é uma revista com artigos sobre neurociências, psicologia, psiquiatria e todo tipo de conhecimento científico sobre emoções e relações humanas.

na edição que eu tenho aqui em casa, o tema da revista é a "trégua entre os sexos", ou seja, como as questões neurobiológicas determinam divergências e convergências entre homens e mulheres.

é um artigo melhor que o outro. entre eles, existe um, escrito pelo primo do Sacha Baron-Cohen, Simon Baron-Cohen, sobre a diferença da linguagem entre meninos e meninas. isso é uma coisa bem visível na clínica fonoaudiológica, mas sempre surgiu a questão: até onde as manifestações e os distúrbios de linguagem são mesmo diferentes e até onde é pura influência da sociedade?
porque existe um pré-conceito de que meninos são mais obejtivos e meninas mais sutis e demoradas pra expressar idéias, mas eu nunca havia lido algo tão esclarecedor quanto o artigo do primo do Borat.

Eu tenho 33 pacientes neste momento. destes 33, 9 são meninas e 24 são meninos. todos com a mesma condição social, praticamente. Então, eu sempre pensei que deveria haver alguma explicação pra esse fato, que é compartilhado por outras colegas minhas também.

Nessa revista, muita coisa foi explicada. Sempre se soube que as questões hormonais e neuroquímicas do ser humano são altamente influentes no comportamento, mas agora, dúvidas do tipo "quem mente mais?" e " a manifestação do ciúme" e ainda "diferenças de desempenho escolar" começaram a ser resolvidas. descobri, por exemplo que as mulheres tendem a ser mais dissimuladas e os homens perdem o controle mais facilmente durante uma discussão. tudo bem, isso todo mundo que se interessa pelo comportamento humano já deve ter se dado conta, mas agora, já existem as respostas para os porquês.
essa revista é tão sensacional que um dos artigos esclarece minuciosamente que os padrões de comportamento e de repertório cognitivo refletem influências endócrinas na química cerebral.

No curso que eu tou fazendo sobre a "abordagem neurobiológica dos transtornos de aprendizagem" muita coisa também está sendo esclarecida. principalmente no sentido de como conduzir a terapia de meninos e meninas.

por isso eu sempre me indignei e me manifestei contra toda essa bobagem de algumas mulheres quererem a igualdade entre os sexos. já fui tachada de machista e até mesmo RASA, quando brinquei, com alguns clichês de "homens x mulheres", aqui nesse blog mesmo.

os fatos biológicos vão além do preconceito. eu defendo a diferença de habilidades entre homens e mulheres SIM e cada vez tenho mais provas científicas disso. mas defendo também, a capacidade infinita do ser humano de aprender coisas novas, mesmo que a genética pré-determine alguns comportamentos. é só uma questão de usar o bom senso.

*
sendo assim, meu caro amigo anônimo, dedico esse post inteiro pra ti. espero que tu faça bom proveito dele e tire tua própria conclusão sobre o que eu penso a respeito de homens e mulheres. ainda é pouca coisa, eu sei. poderia ficar aqui falando durante muito mais tempo, mas acho que por enquanto tu tem respaldo suficiente pra comentar sem ficar falando bobagem por aí sobre blogues e autores que tu pensa que conhece.

que fique a lição: ter opinião sobre alguns assuntos todo mundo pode e DEVE. mas sustentar a opinião com fatos que vão além do "achismo" e da falta de respeito não é tão simples.
ter opinião, independente qual seja e sobre qualquer que seja o assunto é um ato corajoso. mas pode também se tornar algo extremamente covarde, quando a gente tem medo até de mostrar a cara.

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

perspectiva

*29.08.2007*

daí eu tomo um cagaço da pneumologista da Santa Casa que me diz que se eu não tomar os dois corticóides e o antibiótico religiosamente, ela vai querer que eu fique no hospital curando a infecção respiratória que eu tou, antes que eu tenha uma pontada de pneumonia.

* 30.08.2007*


daí eu ouço da mãe do meu paciente de 12 anos, que ele foi espancado no colégio por um bando de maloqueiros, simplesmente pelo prazer da violência. na hora do recreio. no pátio da escola. ninguém fez nada. bateram no meu piá. doeu em mim.


daí eu ouço da avó do meu paciente (em prantos, implorando ajuda) que a mãe do piá (que tem transtorno bipolar e outras manifestações neurológicas e se nega a tomar os remédios) espancou a irmã, grávida de 5 meses e causou um descolamento de retina e ameaça de aborto. tudo isso na frente da criança. do meu piá.

*
e depois de tudo isso que eu ouvi hoje, a minha infecção respiratória vira um problema do tamanho de uma grão de areia.
me desejem fôlego, muito fôlego pra ajudar essa gente. NÃO POSSO ficar sem trabalhar.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

todo o romantismo que existe no mundo

mariana:
bah, eu vi a metade final de um filme agora que foi terrível.
mariana:
não devia ter visto
vinícius:
qual?

mariana:
minha vida sem mim
mariana:
muito triste e muito lindo.
mariana:
acho que eu ando muito sensível.
vinícius:
mariana, vai te catar.

mariana:
é verdade!
vinícius:
achei que fosse um filme de terror.
vinícius:
vai trabalhar.

mariana:
eu não vejo filme de terror.
vinícius:
que fresca.
mariana:
não.
vinícius:
absolutamente fresca.

mariana:
bom, se tu acha....o que eu posso fazer...mas que o filme é lindo, é.

vinícius:
então não é terrível.

mariana:
é terrível sim
mariana:
um soco na boca do estômago
vinícius:
fresca.
vinícius:
vai fazer uma faxina, limpar um banheiro, alguma coisa de útil.

*
nada como ter um namorado sensível e romântico, que entende momentos de sensibilidade e reflexão...ai ai.

sonho

essa noite eu sonhei que tava casando.

seria um sonho banal, como qualquer outro, não fosse a riqueza de detalhes e sensações que ele me causou. acho que foi a primeira vez que eu sonhei que eu tava casando.

o núcleo central era meu pai me ensinando como eu deveria fazer, explicando a ordem das coisas, tudo no meio de uma baita confusão porque, pelo jeito tudo tinha sido meio surpresa pra mim. o vestido não tinha sido escolha minha, eu não tinha arrumado os cabelos nem feito maquiagem. na primeira vez que entrei na igreja, esqueci o buquê. aí me deram uma segunda chance. eu tava linda, feliz, radiante. e é essa curiosa sensação que ficou, acordei com ela e posso sentir a mesma coisa até agora.

no meio da confusão, não conseguia achar o cd com a minha música de entrada, que é da trilha sonora do cinema paradiso e isso me deixou aflita. eu via os convidados chegarem, e tinha que entrar logo.

no fim das contas, eu não lembro se eu casei ou não.

*

cheguei em casa e fui ouvir o cd do cinema paradiso.
lembrei de quando eu tava num hotelzinho chinelão na parte velha de Florença, e que, quando eu deitei pra dormir, tava exatamente começando esse filme. dormi com a tv ligada, ouvindo os diálogos em italiando penetrarem na minha mente, fazendo toda aquela viagem parecer ainda mais real. a música do morricone confortou o meu sono naquela noite quente de verão como uma brisa morna. e, assim como hoje, acordei extremamente leve.

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

exercitando a imaginação

















saiu na playboy desse mês uma reportagem sobre anúncios falsos e rejeitados que serão compilados no livro: "As impublicáveis pérolas da propaganda".
muito engraçado.
por isso que redatores publicitários estão sempre fazendo piadinhas infames (que muitas vezes só eles entendem) e alguns trocadalhos do carilho...é puro excesso de criatividade. melhor chamar assim.

mais aqui.

desabafo.

EU ODEIO O MEU COMPUTADOR!

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

indeixável

conversa de msn:

Bueno
o que a mulher do einstein disse quando ele tirou a camisa?

mariana
hmmm

Bueno
"Nossa, que físico!"

mariana
ahhhh

mariana
achei que tinha a ver com algo tipo "eureka!"

Bueno
ahahah

Bueno
se ele fosse o arquimedes

mariana
eu acho que todos os cientistas falam eureka, tá? me deixa.

Bueno
nunca

Bueno
tu é indeixável

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

vingança.

(ela recorta a imagem de um homem lindo e estupidamente gostoso de uma revista)
-ó. um marido pra ti.
(eu)
-bah! que lindo! onde será que eu acho ele?! mas tem um problema: o que eu vou dizer pro meu namorado?
-nada, ué. esconde dele.

a vingança feminina tarda mas não falha.
e ela só tem 8 anos.

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Sobre as cotas

depois de um mês, conforme combinado, deixo aqui o resultado da enquete que eu propus, sobre as cotas. pode ser que isso não diga nada pra muita gente, mas independente de qualquer coisa, deixo abaixo a minha versão sobre tudo isso.






.

o que eu mais tenho escutado nos últimos meses em relação a tudo isso que tá acontecendo no país é "pelo menos".mas não é um "pelo menos" como os outros. esse vem carregado de uma falsa sensação de (des)compromisso, um sentimento que beira a comodidade, a negligência. cruza com a hipocrisia.

pessoas são assaltadas, sequestradas, têm suas coisas materiais e morais roubadas. mas "pelo menos" estão vivas.

descobrem um escândalo por dia em brasília. mas "pelo menos" estão investigando.

esses "pelo menos" estão tornando as pessoas mais covardes, mais resignadas, descrentes. está acontecendo um cultivo geral de um tipo de desonestidade que atrapalha qualquer visão que queremos ter da sociedade. é a desonestidade com a gente mesmo. é fingir que tá tudo bem, quando tudo está desmoronando.

ser honesto é saber lidar com a realidade como ela é.

essa é a melhor definição que eu já ouvi.

muito bem. existe uma realidade que dorme e acorda com a gente, todos os dias. mas é preciso que a gente também acorde todas as manhãs junto com a realidade.

eu fiz questão de escrever sobre as cotas por inúmeros motivos. mas principalmente porque todas as vezes que tentei discutir sobre isso com pessoas que pensam diferente de mim, ouvi exatamente o mesmo discurso, as mesmas frases.

primeiro, me acusaram ora de racista, ora de burguesa, pra que eu perdesse o fio da meada. comecei a me dar conta de que eu estava quase pedindo desculpas por não ter tanta melanina assim, ou por ter estudado em colégio particular desde o jardim. o jogo de inversões é tamanho, que é preciso muita coragem pra dizer isso em público. o pior é que o público normalmente estudou no mesmo colégio que tu, e tem as mesmas condições financeiras.

eu não vou me justificar, dizendo que eu não sou racista nem burguesa, porque eu já não me abalo mais com essas facadas de baixo-nível. meus conceitos de racismo e burguesia vão além de tudo isso.

na maioria das vezes, parece que surge um efeito coletivo de alívio, um efeito placebo, um monte de "pelo menos" quando se fala nas cotas. na verdade, problema nenhum está sendo resolvido com isso. todo mundo sabe. mas é muito mais social e politicamente correto se dizer a favor, do que arriscar ofensas pejorativas e PRECONCEITUOSAS, se dizendo contra.


a população brasileira tem uma enorme dificuldade em se reconhecer como sociedade e conviver com a realidade. desde sempre, todo mundo é acostumado com governos paternalistas, sem importar a legenda do partido. se elege aquele que conquista a maioria dos mais pobres e promete mais coisas. sempre foi assim. um péssimo hábito que, como todos os hábitos, vai ser muito difícil de abandonar.

essa desonestidade tá tão encravada no povo que fica quase impossível falar sobre o assunto. e, só pra encurtar a história, eu vou me preocupar em falar sobre as cotas para alunos de escolas públicas, porque falar de raça no brasil e determinar fenótipos é quase tão subjetivo quanto dar opinião sobre um filme ou um livro.

"as cotas são uma medida provisória e imediata."

teoricamente, até podem ser. com tantos anos de medidas imediatas no brasil, poderíamos ter investido numa mudança de verdade, no caso da educação, investindo em escolas de ensino fundamental, por exemplo. o bolsa-família é pra ser uma medida imediata, pra minimizar a fome. mas, o que acontece na realidade? as famílias têm mais filhos, lógico! assim, garantem mais dinheiro. quem vai recriminar essa atitude? sabem que tem o governo pra ajudar, ué! sendo assim, as medidas imediatas, vão transformando a sociedade e gerando um círculo vicioso de inter-dependência entre povo e governo.

"ah, mas pelo menos tem o bolsa-família e o sistema de cotas...."

mais uma pra coleção dos "pelo menos". essa justificativa é extremamente rasa, é como dizer que "pelo menos não tem vulcão nem terremoto no brasil", apesar de tudo estar um caos. é quase uma ironia.

"precisamos dar uma chance aos pobres e aos negros, pra que eles possam estudar."

não se resolve um problema histórico de um jeito tão superficial como esse. repito: o que me revolta, não é a tentativa de instituir a igualdade, mas sim, o jeito que isso é feito. A sociedade é desigual, sim, e sempre foi. Mas só tem um jeito de tentar minimizar isso, o que vai levar vááários anos e o sistema de cotas só vem pra segregar e deixar a sociedade cada vez mais segmentada.

mesmo com o sistema de cotas, os pobres vão continuar pobres e os negros beneficiados pelas cotas vão continuar negros e pobres. mas, mais uma vez, o governo foge das suas obrigações e devolve o problema pro povo, que continua se matando por qualquer tipo de oportunidade.

.

O que me enoja nas pessoas que se dizem a favor, é o ar de petulância e prepotência e superioridade que respiram. O "ser do povo" e toda a conotação intelectual que vem junto. O mesmo ar de petulância e prepotência que Hitler respirava. Exatamente o mesmo.

Nomes pomposos, titulação, um breve currículo que dá respaldo a toda aquela opinião que vem logo em seguida. Como se a gente precisasse de "moral" acadêmica e científica pra soprar a neblina da hipocrisia que cega os mais ortodoxos, apontando a realidade que acorda com a gente e que parece passar longe dos olhos dos pró-cotas.

O que me enoja também é que, a maioria dessa gente, discute e defende tudo isso com o nariz empinado, pregando a igualdade entre as classes, na beira da piscina tomando whisky, do alto da sua cobertura na zona nobre da cidade, de dentro do seu carro importado ou sentada no salário gordo que o governo paga.

Querem começar com a igualdade? Discutam sobre o vestibular. Acabem com essa farsa, essa forma eliminatória e injusta de ingresso nas universidades! Assim, ninguém vai precisar das cotas.

Pra que haja igualdade, tem que mexer no bolso. O pior racismo, o racismo velado, é esse encoberto pelos títulos dessa classe elitizada de professores universitários, diretores, reitores, ministros, que preferem consentir com um absurdo desses do que baixar o padrão de vida. E o pior de tudo, é que o povo aceite isso como um grande favor, fortalecendo a grande filosofia brasileira, da "lei da vantagem".



Mariana Batista Lima, fonoaudióloga clínica de pobres, negros, índios e brancos, atualmente inserida em escolas infantis, promovendo a saúde, a educação e prevenindo o preconceito e os problemas de comunicação.

domingo, 12 de agosto de 2007

dose dupla

pro meu pai, hoje a comemoração foi em dobro: dia dos pais + aniversário!

parabéns pro melhor pai do mundo, que, do alto dos seus 58 anos, continua sendo o melhor super-herói de todos e continua me ajudando a acabar com os monstros que, de vez em quando, ainda aparecem debaixo da minha cama.

é o melhor contador de histórias que existe.

te amo, pai!

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

ele:
- amor, tu prefere os homens fortes ou inteligentes?
ela:
- os inseguros, amor....os inseguros...

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Flhos do Paraíso

Um filme iraniano sem aquela conotação "cult" de filmes-cabeça com assuntos totalmente alternativos que normalmente passam na Casa de Cultura, no Santander Cultural ou no Gasômetro, onde as pessoas saem sem entender nada mas não perdem a pose blasé pros outros pensarem que todo mundo entendeu tudo e que tudo isso é muito natural.

Nada disso. Eu assisti terça feira na NET, em casa, de pijama e pantufa, sem nenhuma condição de fingir um ar blasé. Peguei no começo, sem querer e acabei atrasando a hora de dormir porque simplesmente não conseguia parar de ver.

Vejam. Vocês não vão se arrepender.

http://adorocinema.cidadeinternet.com.br/filmes/filhos-do-paraiso/filhos-do-paraiso.asp



quinta-feira, 2 de agosto de 2007

maldito gene

- e então, como foram as férias?
- ah, muito boas, fui pra praia.
- ah é? qual praia?
- balneário gaivota, em santa catarina.
- ahh que legal!
- bah, nem consegui ir na aula segunda. desde sexta só futebol de dia e festa de noite.
- hmmm
- ah, fiquei com uma guria.
- é mesmo?
- é, teve uma festa na casa de um amigo meu.
- mas e a tua namorada? não ficou braba?
- ah, ficou. mas eu não contei pra ela.
- e como ela sabe?
- ficou sabendo por outros. mas ela já tava braba comigo porque eu fui pra praia.
- mas e tu não vai falar com ela?
- vou, claro!
- e o que tu vai dizer?
- ah, que essa outra aí eu só dei uns beijinhos, foi uma noite só. ela até nem era bonita. vou dizer que eu gosto mesmo é dela.
- e se ela continuar braba?
- ah, eu resolvo isso. escrevo um cartão, dou um bombom. tenho até um colarzinho com o nome dela ó! daí ainda convido ela pra passar o verão comigo lá na praia. sei que ela vai gostar de mim de novo.
- aham.

.

essa conversa não teria nada de mais se quem tivesse conversando comigo não fosse um paciente meu, de 11 anos. ONZE ANOS, vocês leram bem!
depois dessa, eu definitivamente dei o braço a torcer. essa canalhice de "eu traio e depois (penso que) conserto" é parte da estrutura genética masculina.

onze anos...puta que pariu!

domingo, 29 de julho de 2007

cada escolha, uma renúncia.

daqui alguns dias, vai fazer um ano que eu voltei da alemanha.
eu tenho essa mania nata de ficar fazendo "balanços", pensar e repensar sobre tudo o que aconteceu comigo.

todo mundo sabe que eu só voltei porque eu não consegui renovar o visto. eu teria ficado lá sem muitos problemas. amei o lugar, conheci gente fantástica e me adaptei perfeitamente à europa. eu tava num momento maravilhoso pra fazer aquele tipo de viagem e o melhor de tudo: fazendo um estágio exatamente na minha área. eu imagino que eu estaria muito bem se eu tivesse conseguido ficar. provavelmente teria estabilizado e legalizado minha situação e estaria ganhando dinheiro de algum jeito. não muito dinheiro, mas o suficiente pra me virar.

tudo isso, claro, se eu tivesse conseguido sobreviver ao inverno. porque eu nunca passei tanto frio durante um verão, como passei em munique. imagina nos meses que faz frio DE VERDADE...

pois é. mas tudo isso não passa de um "se...".
eu voltei meio a contragosto, mas voltei. e pouco a pouco fui me firmando na minha profissão. hoje eu tenho vários trabalhos e pacientes no consultório. já tenho uma pós-graduação engatilhada e projetos semi-concretos pro mestrado.

tou feliz, apaixonada e cheia de planos possíveis.
sempre que a gente faz uma escolha, mesmo que essa escolha seja forçada, como no meu caso, a gente ganha e perde.
eu perdi uma chance quase única de morar na europa. mas ganhei tantas outras coisas com a minha volta, que talvez o destino tenha acertado em me mandar de volta.


"Mas o homem, porque não tem senão uma vida, não tem nenhuma possibilidade de
verificar a hipótese através de experimentos, de maneira que não saberá nunca se
errou ou acertou ao obedecer a um sentimento."

(Milan Kundera - A Insustentável Leveza do Ser)

domingo, 15 de julho de 2007

Enquete 2

Faz tempo que não posto aqui no blog, que a Mari, tão gentilmente, abriu-me espaço. Confesso que não foi por falta de vontade, mas por falta de tempo e de criatividade. No entanto, continuei leitora assídua e, hoje, ao ver o tópico sobre a enquete das cotas, não pude deixar de me manifestar.

Em primeiro lugar, resolvi escrever porque não acredito nesta pretensa objetividade e parcialidade que muitas pessoas apregoam por aí. Entre outras coisas, como o próprio debate epistemológico sobre a inexistência da objetividade, acho que viemos ao mundo para dar a cara à tapa, ou seja, demonstrar nossas opiniões, dizer o que pensamos e sentimos, e sermos passíveis de recebermos críticas e elogios por isso.

Acredito que este post complementar ao da Mari seja importante para, acima de tudo, acima de evidenciar a minha posição favorável (não sem críticas) em relação à implementação do sistema de cotas na UFRGS ou em qualquer universidade brasileira, seja importante para esclarecer algumas coisas que, insistentemente, esta imprensa fascista teima em negligenciar, omitir e distorcer, para, eternamente, garantir a permanência da ordem instituida, como se vivêssemos em um mundo que não precisasse ser urgentemente modificado.

Vamos lá, então:

Desfazendo o primeiro mito, que considero o mais insistente: as cotas não são racistas, como muitos têm apregoado. O primeiro critério para inclusão nos 30% das cotas é o critério sócio-econômico, ou seja, TEM QUE SER ALUNO DE ESCOLA PÚBLICA. Destes 30%, 50% são destinados a afro-descentedes.

Em segundo lugar, as cotas não terminam com o critério da "meritocracia" (o que estabelece que passam no vestibular aqueles que estudam/sabem mais). Se tu é um aluno da escola pública, negro, e passa com 800 pontos em Medicina, tu vai tirar o primeiro lugar de qualquer jeito, e não entrar por cota! Aliás, vocês já pararam para pensar se o critério atual de ingresso na universidade é válido e justo?

Por fim, porque poderia seguir com uma série de argumentos que sustentariam a minha defesa das cotas na universidade, não vou apelar à questão da "dívida histórica" para com as minorias. Simplesmente vou deixar claro que as condições não são as mesmas para todos, as regras são diferentes conforme a situação socio-econômica e o fenótipo da pessoa. Sinto muito em que se tenha que tomar medidas como estas (desiguais) para tentar, ao menos, um mínimo de igualdade de oportunidades, mas é mais do que necessário. Acredito que a principal medida que deveria e deverá ser tomada é um gigantesco investimento na escola básica, fundamental e média, mas medidas de choque precisam ser tomadas, igualmente, para que se desfaça esse comodismo de ver somente pessoas brancas no ensino superior. Este choque, nesta sociedade racista em que vivemos, onde o pior nem é o racismo explícito daqueles que picham a universidade com frases como "negro, volta pra senzala" ou "negro só na cozinha do RU", mas o pior é o racismo velado, aquele que vem a tona quando os privilégios históricos conquistados vão ao chão.

Coisa nojenta foi ver a manifestação dos anti-cotas, maioria de pré-vestibulandos com mochilas "Fleming", "Pré-med", e outros cursinhos que cobram até 1.300 reais por mês. Querem passar no vestibular? Estudem. Independente de existir cotas ou não, de serem 3 ou 40 vagas, se vocês pagam cursinhos exorbitantes e são tão inteligentes assim, vocês vão passar no vestibular.

sábado, 14 de julho de 2007

enquete

a partir de hoje, até o dia 13 de setembro, estará acontecendo uma enquete através de uma janelinha pop up aqui neste blog.

cada vez que alguém acessar o outrasmentiras, a janelinha vai aparecer. isso não significa que vocês tenham que votar todas as vezes, logicamente.

o assunto da vez são as cotas nas universidades públicas. dá pra comentar na própria enquete, se quiserem. dá pra fechar a janela sem votar, também, porque este blog é democrático (pelo menos até onde eu acho que ele deva ser.) :)

VOTEM!

quinta-feira, 12 de julho de 2007

canalhices

no ônibus, dois guris sentados atrás de mim:

- e aí, meu?! tá sabendo da festa dos guris sábado?
- não, que festa?
- bah, festerê forte, na casa do Evandro.
- sábado?
- é. só não sei o que vou dizer pra minha mina.
- ah, é festa sem mulher?
- sem as NOSSAS mulher! (risadas) pior que eu durmo na casa dela nos finais de semana. vou ter que inventar que eu tou doente, que não vou poder dormir lá, senão vai fuder a night.
- bah, meu.
- ah, certo. digo com jeitinho "amorzinho, não vai dar pra dormir aí hoje, tou cansado, gripado..." aposto que ela ainda vai me tratar bem no outro dia.
- bah, não sei se eu consigo mentir pra minha mina, meu.
- ah, pára! bom, eu vou aparecer lá, sem dúvida. as mina que o cara consegue são umas cachorrona. tá, vou descer na próxima, meu. qualquer coisa dá uma ligada. falou.
- falou.

canalhice pouca é bobagem.
não dá. hoje em dia é um olho no gato e o outro no peixe. ou um olho no cachorro e outro na piranha, se preferirem.
me roí de raiva.

terça-feira, 3 de julho de 2007

não há amor que resista ao caos.

1. renan calheiros, lula, o resto da corja e a sujeira impregnada no planalto central.
2. o bando de filhinhos-de-papai mimado que agrediu a mulher de graça na parada do ônibus.
3. o sistema de cotas na ufrgs e no resto do brasil.
4. bala perdida na assis brasil e uma vida a menos.
5. balas perdidas no rio, muitas vidas a menos e o pan querendo maquiar a situação.
6. médicos que não sabem diferenciar um infarto de um ataque de asma. mais uma vida a menos.
7. gente que ainda lava a calçada de mangueira.
8. gente que ainda não separa o lixo.
9. o medo traduzido: falta de educação e mau-humor.
10. o apagão aéreo.
11. a seleção do dunga.
12. arrastão no centro de porto alegre.

eu sempre amei esse país e todo mundo sabe. mas não há amor que resista ao caos.
ou a gente acorda ou vamos todos juntos, pra muito além do fundo do poço.

eu quero ir embora - de novo.

tá foda.

sexta-feira, 15 de junho de 2007

all you need is love

há pouco mais de quatro anos, eu fiz, talvez, a promessa mais boba de toda minha vida. na época parecia coerente. eu havia cansado de perder pessoas queridas, de todos os jeitos.

lembro que eu acordei com dor. uma dor no corpo, na cabeça, na alma. eu tava me tornando uma pessoa fria e amarga: prometi que nunca mais ia me apaixonar. é, eu e essa minha mania de achar que eu tenho o controle de tudo.

passaram-se muitos meses. e em meados de 2004, levei uma belíssima puxada de tapete do destino. como se ele me dissesse "quem manda em mim sou eu, não tu, pirralha".

e eu me apaixonei.

no começo eu fingia que não, que eu tava "só curtindo". mas ninguém sustenta uma mentira por tanto tempo.

furacões, tornados, terremotos, maremotos, desabamentos. e eu voltei a ter medo. peguei o desgraçado do destino pela gola da camiseta e cuspindo fogo, perguntei se eu não tinha razão de não querer nunca mais me apaixonar. ele continuou sorrindo pra mim e disse "não".

os meses passaram. os anos passaram.

eu posso dizer que 2007 tem sido o melhor ano da minha vida, desde muito tempo.
muita coisa boa acontecendo, mas, principalmente por causa do vinícius, que já é fundamental na minha vida.

eu devia fazer uma homenagem em praça pública, ou dar um troféu, uma medalha, botar um outdoor, contratar um avião pra jogar pétalas de rosa ou soltar foguetes na frente da casa dele, mas eu acho que nem tudo isso junto ia ser suficiente pra retribuir o que ele fez comigo.

é muito bom estar tão apaixonada, de novo.
'brigada, amor.

terça-feira, 12 de junho de 2007

Invasões Bárbaras

quando alguém invade o espaço de outro, é uma baita desrespeito. tanto espaço físico quanto espaço moral.

hoje eu cheguei na clínica que eu trabalho, que atende DE GRAÇA centenas de crianças de classe média-baixa e me deparei com uma cena que eu nunca gostaria de ter visto: portas arrombadas, paredes quebradas, sujeira, armários revirados.
a TV de 14" que havia sido comprada com a ajuda das mães, que contribuíram com 2, 5 e 10 reais durante MESES, já não tava mais na sala de espera.
dos computadores que recém ganhamos depois de uma longa briga com as instituições responsáveis e, principalmente com o governo, só sobraram os fios.
a multifuncional que também tínhamos recém conseguido, já era.

me deu raiva, não tanto pelas coisas materiais (que, com esforço, vamos conseguir de novo), mas sim por me dar conta do quão vulnerável estamos. e como nos tornamos impotentes.
alguns pacientes meus choraram. de medo, de tristeza. gente que não tem nada, agora tem menos ainda.
outros pacientes, que parece que já nasceram com esse espírito de fênix, me ajudaram a bolar idéias pra arrecadar dinheiro pra uma TV nova ("eu gostava de ver bob esponja enquanto tu não me chamava pra sessão...") e pras grades que queremos colocar.

chego em casa, explico tudo o que aconteceu. depois de uns 10 minutos, minha irmã de 8 anos aparece com desenhos ("pra enfeitar a salinha"), uma sacola de brinquedos ("que ela não brinca mais") e muitas idéias pra arrecadar dinheiro pras coisas novas que temos que comprar. (algumas hilárias!)

não é porque ela é minha irmã, mas é por esse tipo de atitude que vale a pena brigar. eu espero que o mundo esteja um pouco melhor quando ela crescer.

e é só pelas minhas crianças que vão de havaianas pro atendimento às 8:00 de um dia de inverno, que não reclamam por ter que acordar cedo, que fazem um esforço enorme, lutando contra as condições sociais, emocionais, culturais e até cognitivas me mostrando que sim, são capazes de melhorar e de corrigir seus erros... é só por elas que eu tenho vontade de voltar lá amanhã.

quero que essas pessoas que invadiram e saquearam a clínica morram. e que os direitos humanos vão pra puta que pariu.

Eu não tenho dado.

vocês não fazem idéia do mundaréu de bugigangas que eu uso em terapia.

adoro esses joguinhos de 1,99! são perfeitos! além de baratos, podem ser incrementados com muita criatividade.


mas há algumas semanas venho sentindo falta de um DADO. sim, um dado: cubo, 6 lados, pontinhos pretos marcando a quantidade. nunca vi um dado pra vender. nem sei em que loja se compra um dado.


eis que domingo de noite, vejo minha irmã caçula faceira, brincando com um dado lindo de E.V.A. (não sabe o que é EVA, procura aqui), todo colorido, lindão. Perguntei com aquela cara de lobo faminto que vê um cordeirinho suculento, já babando:


- Luísa! Que dado lindo! De onde saiu?
- Ganhei na pescaria da festa junina do ano passado. é do 1,99.


pensei em pedir, mas fiquei com pena da guria visto que eu volta e meia roubo os brinquedos e jogos dela pra usar nas terapias. pensei em roubar, mas ela ia desconfiar de mim. aí, achei melhor ir comprar um.


hoje, saindo do consultório, fui até uma loja de 1,99 pra procurar o bendito dado. me deparo então com a pergunta clichê que eu NÃO PODERIA fazer aos donos da loja. eu não poderia perguntar, por exemplo:


- oi, o senhor tem dado?


comecei a ficar nervosa, rindo sozinha.

andei pela loja inteira, o que não levou mais de 10 segundos. ninguém me perguntou nada. ninguém ofereceu ajuda. e eu não tinha como perguntar se eles tinham ou não o que eu queria. não me vinha outra coisa na cabeça senão a maldita piadinha infame.


passaram-se uns 5 minutos (uma eternidade!) e enfim, resolvi perguntar:


- oi, o senhor tem jogos em E.V.A.? (sorri por dentro por ter sido tão inteligente!)
- ahm...jogos não, tenho só aquelas letrinhas ali. o que tu queria?
- ah, eu precisava de um dado.
- não, não...só as letrinhas mesmo.


vejam que ele QUASE respondeu que ele não tinha dado, o que causaria um momento constrangedor pra nós dois.


agradeci e saí da loja.
nunca pensei que fosse tão complicado comprar um dado.

domingo, 27 de maio de 2007

eu sei.

não tenho atualizado isso aqui com frequência. mas tenho um motivo bem simples: falta inspiração. sim, exatamente. a mesma coisa que me fez desativar o blog por uns tempos. reativei achando que eu ia conseguir escrever, mas....não.

às vezes eu até penso "bah! vou escrever sobre isso!", mas na hora eu travo e acabo nunca escrevendo nada. não tenho vontade.

ainda bem que o meu inferno astral tá chegando ao fim. pode ser que tudo melhore depois do meu aniversário e eu volte a ter idéias como antes. ou não.

o fato é que eu tenho me sentido bem rasa, quase vazia.

é. eu ando bem chata.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Extreme Makeover - Reconstrução Total

Quem me conhece já sabe que eu não sou um exemplo de organização. Não que isso possa ser traduzido como irresponsabilidade, mas eu tenho extrema dificuldade em manter coisas arrumadas.

Só que isso pode tomar proporções enormes. É o que está acontecendo comigo. Dizem os especialistas que o nosso quarto (ou casa) é o reflexo de como está a nossa vida. Muito certo. Na última semana a faxineira precisou jogar minhas coisas pra fora do quarto pra poder entrar e passar o aspirador de pó. Eu não me orgulho e nem acho bonito dizer isso, mas também não tenho vergonha.

Eu tenho trabalhado muito, muito mesmo e quando eu chego em casa tudo que eu tenho vontade de fazer é tomar banho, comer e dormir. E era isso que eu fazia. Eu sei que muita gente trabalha muito mais do que eu. Mas essas pessoas se adaptam a esse tipo de vida meio desumano que insistem em pregar como "consequências do mundo moderno", eu não. Tudo o que eu sempre abominei, tava aparecendo lentamente na minha frente: a minha vida estava se resumindo ao meu trabalho, as pessoas exigindo cada vez mais de mim e eu tou virada num trapo. Trabalhar com crianças todos os dias, é gratificante, é maravilhoso. Mas é ao mesmo tempo cansativo, devastador.

Tudo o que eu não quero na minha vida é "não ter tempo". Eu já tenho experiência mínima de vida pra me dar conta de que tem muito mais vida além da vida. Aprendi da pior forma possível que as coisas não têm dia nem hora certa pra acontecerem. Eu não consigo ser "domesticada", preciso de espaço pra respirar e cometer pequenas "loucuras", como fugir da clínica por 15 minutos só pra tomar um cafezinho.

Sempre fui muito tranquila, muito calma, muito lenta pra seguir esse ritmo frenético que é comum nos dias de hoje. Comecei a ter dores inexplicáveis pelo corpo: coluna, pescoço, estômago, cabeça, e uma gripe que ainda não foi embora.

Na última quinta-feira, eu surtei. De verdade. Desmoronei feito um pudim de leite condensado. Joguei tudo pro alto, me encolhi no colo que eu ganhei e pedi ajuda. Joguei a toalha, porque eu sabia que não conseguia mais levar as coisas do jeito que estavam. Eu cheguei num nível de stress tão alto que até eu me apavorei comigo. E pela primeira vez tive medo de ficar sozinha em casa.

O stress pode se manifestar de diversas maneiras. Em mim, ele apareceu como um misto de medo, carência e me deixou vulnerável. Esse final de semana fiquei em casa e consegui me reorganizar, ou pelo menos comecei.

Eu ainda tenho vontade de sair gritando, mas depois que eu sonhei com o Ty (foto), o líder daquele programa "Extreme Makeover" que dá no People & Arts (canal 52 da NET) entrando na minha casa aos berros, dizendo que tinha chegado a minha vez, eu relaxei. É um sinal de que a casa velha foi derrubada. E que, em breve, terá uma novinha em folha construída em cima.


segunda-feira, 7 de maio de 2007

TÍTULO

BI-CAMPEÃO GAÚCHO FGF
______________________________________________________
Segunda, 8:30
- pai, me dá uma carona até o olímpico pra eu comprar meu ingresso de quarta?
- dou, mas não volto pra casa antes do almoço.
- putz. aí não. vou ter que pegar 2 ônibus pra voltar pra casa, na chuva. e tenho que tar em casa antes das 13h.
- ah, minha filha...esse é o ônus de ser gremista...se tu fosse colorada, neste momento tu podia estar de férias e ficar dormindo até mais tarde.
*
Domingo, 19h
-mãe, tu viu que o Enéas morreu?
- putz. se ele fosse presidente teríamos feriado amanhã.

terça-feira, 1 de maio de 2007

Da série: coisas que eu gostaria de ter inventado.

Saudade é quando o momento tenta fugir da lembrança para acontecer de novo e não consegue.

Lembrança é quando, mesmo sem autorização, seu pensamento reapresenta um capítulo.

Angústia é um nó muito apertado bem no meio do sossego.

Preocupação é uma cola que não deixa o que ainda não aconteceu, sair de seu pensamento.

Indecisão é quando você sabe muito bem o que quer mas acha que devia querer outra coisa.

Certeza é quando a idéia cansa de procurar e pára.

Intuição é quando seu coração dá um pulinho no futuro e volta rápido.

Pressentimento é quando passa em você o trailer de um filme que pode ser que nem exista.

Vergonha é um pano preto que você quer pra se cobrir naquela hora.

Ansiedade é quando sempre faltam muitos minutos para o que quer que seja.

Interesse é um ponto de exclamação ou de interrogação no final do sentimento.

Sentimento é a língua que o coração usa quando precisa mandar algum recado.

Raiva é quando o cachorro que mora em você mostra os dentes.

Tristeza é uma mão gigante que aperta seu coração.

Felicidade é um agora que não tem pressa nenhuma.

Amizade é quando você não faz questão de você e se empresta pros outros.

Culpa é quando você cisma que podia ter feito diferente, mas geralmente, não podia.

Lucidez é um acesso de loucura ao contrário.

Razão é quando o cuidado aproveita que a emoção está dormindo e assume o mandato.

Vontade é um desejo que cisma que você é a casa dele.

Paixão é quando apesar da palavra ¨perigo¨ o desejo chega e entra.

Amor é quando a paixão não tem outro compromisso marcado. (...)

(Mário Prata)
Como não sou a autora, me contento com uma colaboração. Permita-me, Mario Prata:
Ciúme é o cão de guarda brabo e egoísta que a gente coloca na porta de entrada do amor. Tem quem coloque um pincher, tem quem coloque um pitbull.

sábado, 28 de abril de 2007

Ah, l'hiver!

Gente, o inverno tá quase chegando, e esses dias frios que tem feitos são tão gostosos, não? Tudo bem, sei que o frio não é uma unanimidade, mas é que tem tanta coisa boa conexa que até rendeu este post!

1) Edredon. Tem coisa mais gostosa que um edredon? Confesso, ainda, que sou mais fã de cobertores peludões e pesados(sem nenhum trocadilho), mas é que minha rinite não permite. Eu sou uma fresca e invento as maiores desculpas para puxar meu edredon do roupeiro, inclusive, dormir com o ventilador ligado bem em cima de mim, só para ter o prazer de sentir... frio! Quando eu for uma pequena burguesa, terei um edredon de penas de ganso, para curtir ainda mais o friozinho.

2) Vinho tinto. Não é a toa que era considerada a bebida dos deuses. Vinho tinto não tem palavras. E, por isso, nem vou tentar escrever. Eu já comecei a temporada 2007 e você?

3) Comer. Comer no inverno (no caso, nestes dias frios) dá outro sabor aos alimentos. Tu pode se deliciar com um simples prato de feijão com arroz sem transpirar dois litros de água. Fora as comidas típicas da estação: fondue (divino), bergamota (no sol, fedendo, delícia), pinhão (na frente da lareira)...

Bem, acho que poderia enumerar mais uma série de coisas que ganham outro sabor no frio, mas somente estas foram suficientes para desejar que a temperatura caia mais uns 10 graus, não?

quarta-feira, 25 de abril de 2007

GRAMÁTICA MARIANESCA DE FALA BRASILEIRA

(sim. é FALA e não língua. língua é exclusivamente o músculo que a gente tem na boca. poderia ser "expressão brasileira" também, tenho que pensar mais sobre isso).

eu sempre adorei português. sou chata com quem escreve errado o que não quer dizer que eu não erre. mas eu tenho um dicionário e uma gramática sempre à mão e me esforço pra me corrigir. sempre pensei muito sobre a nossa "língua" e nunca me conformei com algumas coisas.

existem umas regras bem inúteis na gramática de língua portuguesa. aliás, a começar pelo nome.
defendo ferrenhamente uma mudança de nome. nós não falamos português. falamos brasileiro. o brasileiro é uma língua que tem origem na língua portuguesa, mas é outra coisa, bem diferente.

(assim como eu acho que nos outros países da américa latina não se fala espanhol e sim uruguaio, argentino, paraguaio, etc. espanhol se fala na espanha. e deu. mas não vem ao caso.)

se um dia algum desses pensadores lingüistas grandões me ligasse pedindo pra que eu reformulasse a nossa gramática, seria muito afudê. FAZERIA com prazer. tem muitas exceções e peculiaridades bobas que já deviam ter sido aposentadas.

abaixo, seguem algumas das minhas sugestões:

1. o fim do H no início de palavras: homem, hospital, helicóptero, história...meu deus, pra quê confundir?! não tem som nenhum! é absolutamente inútil. tudo isso viraria: omem, ospital, elicóptero, istória.
pronto.

2. redução do número de prefixos de negação. tem muitos e tudo muito confuso. Por exemplo, o "A" é usado como negação (ex. acéfalo - sem cérebro) mas também como afirmação (assalariado - com salário). além do "a" como negação, tem o "DES" (ex. desleal), e o "IN" (ex. incapaz).
é pra dar um nó. não seriam consideradas erradas palavras como: "inconfortável", por exemplo.

3. chegar a um consenso sobre definições do tipo:
"bebedor" e "corredor": se o "bebedor" é quem bebe, "corredor" é quem corre e "bebedouro" é o LUGAR de onde se bebe, teríamos uma nova palavra: CORREDOURO. o que continuaria errado, pois geralmente nos corredouros não poderíamos correr. ("não corram nos corredouros, crianças!!!"). sendo assim, os corredouros, deveriam se chamar: CAMINHADOUROS OU ANDADOUROS.

4. chegar a um consenso sobre a correspondência entre fonema (som) e grafema (letra). chega de confusão "é com S, com C ou com Z?". Tem som de Z, é com Z. Tem som de S é com S. O C só vai ser usado com som de K. Afinal, esse é o primeiro sinal de que a criança está alfabetizada, ou seja: ela sabe que cada letra tem um som.
Seriam corretas palavras como "caza, sirco, ezemplo". além disso, o cedilha cairia fora. no lugar dele, usaríamos S. "corasão, casino, asunto". sem essa regra besta: "S entre duas vogais tem som de z. mas se escreve com S." Pô, se tem som de z, escreve com z. chega de confundir.
o mesmo com G e J. se tem som de J, é com J: "jelo, jirafa". o G só seria usado como plosivo (como o C): "gato, garfo".

5. o fim do ponto e vírgula. coisa mais inútil não existe. ou é ponto, ou é vírgula.

6. extinção do "vós" como segunda pessoa do plural.

7. pela banalização do "tu". é "tu vai" mesmo, não "tu vais". muita frescura.
sem falar no "tu visse". é o fim.

8. consenso sobre o som do X. por que enXaqueca é com X e enCHente é com CH?! Além disso o X ainda tem som de CS (ex. táxi. tinha que ser "tácsi"). chega de exceções! (olha a dificuldade pra escrever "exceção"! tinha que ser "essessão").

9. abrasileiramento (ou seria abrasileirização?) de palavras estrangeiras: méqui dônaldis, márquetin, sófitiuér, hardiuér, uíndous, sáiti, frízer, etc.

10. regra única para formação de palavras. derivação rules!
exemplo: porque "sugerimento" tá errado mas "recrutamento" não? ambos derivam de verbos, oras! LIBERA GERAL! recrutamento, recrutação, sugerimento, sugestão, filtramento, filtração....vale tudo!

11. letra maiúscula é opcional. e essa regra eu já adoto há anos.

12. regra básica: conseguiu entender? então não complica. comunicação é tudo, gramática é só uma parte.

(...e olha que eu nem falei da conjugação verbal.)

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Ventos da liberdade

Para quem já havia se emocionado com o curta no conjunto de curtas "September 11", mas, principalmente, para os amantes da liberdade: The Wind that Shakes the Barley, Ken Loach.

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Indiferença

I will light the match this morning
so I won't be alone
watch as she lies silent
for soon that will be gone
oh, i will stand arms outstretched
pretend i'm free to roam
oh, i will make my way through
one more day in hell

Ela acabara de sair de uma aula de Metafísica (aristotélica). Uma nova graduação após sua formatura e final de sua pós-graduação. Aquelas últimas horas haviam sido magníficas e o ar de satisfação era visível em seu rosto. Poucas são as pessoas que apreciam tão perdidamente uma aula de Metafísica, mas para ela aquilo significava muito e o resultado era o êxtase após duas horas de Aristóteles. Foi para a casa do namorado.

How much difference does it make?

how much difference does it make?

Adentrou o ambiente como um raio de luz inconseqüente. Observou o ser na sala, sentado, lendo uma revista. Sentou no sofá em frente e esperou uma reação a sua presença. "Oi" foi uma resposta arrancada quase à força da criatura que respirava o mesmo ar que ela. "Tudo bem?" foi quase um estupro ao silêncio sepucral que se impôs. Foi uma pena a tentativa de contar como havia sido sua primeira aula no curso de Filosofia: a matéria na revista da década de 1980 era tão ou mais importante que não desviou a atenção nem o olhar do seu leitor. Ao ser indagado sobre a atenção que não recebera, a resposta recebida foi: "Quem sabe tu esperas eu terminar de ler pra vir me falar essas coisinhas?"

I will hold the candle

until it burns up my arm
oh, i'll keep taking punches
until their will grows tired
oh, i will stare the sun down
until my eyes go blind
hey, i won't change direction
and i won't change my mind

Levantou-se, não demonstrou nenhuma reação na frente do pseudo-interlocutor e dirigiu-se ao banheiro. Lá, naquela solidão confortante, pode chorar a vontade. Chorou por si, pela frustração da decisão tomada meses antes, chorou pela humanidade, chorou pelas mulheres e pelas mães, chorou pelo mundo machista e pela falta de atenção. Chorou sobre seus problemas. No entanto, minutos após, recompôs-se. Lavou o rosto e enxugou as lágrimas. Algo tornara-a diferente em cinco minutos de lamúrias e ela precisou agir: soube que, dali em diante, não precisaria, nunca mais, de um interlocutor como aquele (e especialmente aqueles) e, melhor ainda, que poderia ficar feliz por conta própria sobre suas decisões e realizações, sem precisar do aval de ninguém.

How much difference does it make?

how much difference does it make?

Saiu do banheiro, olhou para aquele ser sentado na mesma posição no sofá, lendo, provavelmente, o mesmo parágrafo pela enésima vez, e sentiu pena de si mesma. Quanto tempo, quanto tempo demorou. E o que cinco minutos me mostraram... "Eu vou terminar este relacionamento, não aqui, nem agora, mas vou", pensou. Claro, não pode deixar de pensar: "o que vão pensar de mim: terminei um relacionamento por causa de uma revista ou de uma aula de metafísica". Porém, logo este pensamento se desfez. Ora, era muito claro: primeiro, não devia satisfações a ninguém; segundo, ela estava perdendo algo que não pdoeria perder; por fim, ela sabia que se tratava de indiferença. Pura e simples indiferença, que era evidente em outras milhares de situações, mas que somente naquele momento fizeram sentido.

I'll swallow poison

until i grow immune
i will scream my lungs out
till it fills this room

A maioria dos seres humanos aprende que o contrário de "amor" é "ódio". Isto pode estar correto quando falamos de antônimos na Língua Portuguesa, mas quando se trata de relações humanas, a coisa é bem diferente. O contrário de "amor", sem dúvida, é "indeferença". É o não se importar, é o não valorizar, é o não estar junto à pessoa "amada".

How much difference…

how much difference…
how much difference does it make?
how much difference does it make?

Poucos dias depois, ela voltou ao mesmo local. Sua presença não fazia diferença naquele ambiente. Respirou fundo e resolveu ser feliz.

(Indifference, Pearl Jam)

terça-feira, 17 de abril de 2007

Se eu me chamasse Rob Gordon, fosse dono de uma loja de discos de vinil à beira da falência, não tivesse sorte no amor e, ao mesmo tempo, fosse uma enciclopédia ambulante de música, o título deste post seria High Fidelity. O título permanece, mas traz a trilha sonora da minha vida. Muito mais que as músicas que embalaram os relacionamentos, mas aquelas que marcaram as escolhas e o que defini como prioridades para minha vida.

1) Comecemos pelo começo. Não faço a mínima noção do que meus pais ouviam quando eu nasci, nem nos meus primeiros anos de vida. As lembranças mais remotas dos grandes concertos da minha tenra infância remetem ao show dos Menudos e da chegada do papai noel com a Xuxa. Além disso, tinha os bolachões lá em casa, mas que não variavam muito de qualidade: Balão Mágico, Polegar, Dominó, Xuxa e Menudos (de novo). Quando passei a ter um pouco de vergonha na cara, aos quatro anos, meu gosto refinou-se e parti para uma devoção sem precedentes ao RPM. O LP "Rádio Pirata ao vivo" era o mais tocado embalava minhas coreografias de ballet e jazz.

2) Depois, lembro no finalzinho da década de 1980 e início dos anos 1990, curtir do rádio todos aqueles que, somente muito tempo depois, descobririam que foram os mestres daqueles anos: New Order, Pet Shop Boys, Erasure, Rome, ... Ah, e é claro: tinha o "Viva a noite", no SBT, que trazia todos os sábados aquela coisa absurda (mas maravilhosa) chamada Lokomia.

3) Em 1995, lembro-me de ter comprado meu primeiro CD. Era uma coletânea que embalava as reuniões dançantes que tanto me frustravam (sim, pelo resultado amoroso, pelo que mais poderia ser?) Acho que o nome era "Top Surprise". e tinha músicas como "Oh Carol" (não, não é um culto personalístico) e "Guantanamera" em uma versão ultra-super-mega remixada (ridícula). Mas era o meu cd. Antes disso, já aprendera que cd não se rebobinava através da trilha sonora de "Don Juan de Marco" da minha mãe.

4) Aos poucos, comecei a adquirir um pouco mais de tino musical, mas não sem ter dado umas escorregadas. Em 1996, mesmo odiando pagode, eu cantava até a morte "Lua vai" (nem sei se este é o nome da música). Tinha um porquê. Era a oitava série, colegas se despedindo, clima de turma, amores platônicos, etc. Tempo legal aquele, quando recém estávamos descobrindo o Cord (!!!) e o rodízio de pizzas.

5) A primeira balada de amor foi "Santeria", Sublime.Durante todo o primeiro ano do Ensino Médio alimentei um amor que somente daria certo na minha cabeça ao som desta trilha sonora. Com certeza o romance não deu certo, também, pela péssima escolha musical.

6) Final do Ensino Médio. Este item poderia ser um tópico inteiro. Teve "Mano Chao" em Búzios (inesquecível), o cd "Animals" durante os exercícios de matemática. A descoberta do "The wall". As sessões de "Abbey Road" até a décima vez consecutiva. O som do Galpão. Um dos melhores anos da minha vida. Pena que tinha que terminar.

7) Quando entrei na faculdade em 2000, era uma época em que eu praticamente só ouvia Pink Floyd, Beatles e Raul Seixas. Depois de passar por um vestibular no qual não havia sido aprovada para o curso que eu queria (Publicidade) e ter recebido uma segunda chance no curso de História (ainda bem!!! - consideração de hoje), a música que não saía de minha cabeça era "Ouro de Tolo", do Raulzito. O versos

Eu devia estar contente
Por ter conseguido tudo o que eu quis
Mas confesso abestalhado
Que eu estou decepcionado

Porque foi tão fácil conseguir
E agora eu me pergunto "e daí?"

faziam todo o sentido pra mim. Aos poucos, eu fui me familiarizando com outros clássicos, aí foi impossível deixar de ouvir The Who, Led, Jethro Tull, e mais uma infinidade de coisas que seria demasiado estafante de descrever agora.

8) Nestes anos que se seguiram, somente uma divisão temática poderia ser feita, não me lembro mais cronologicamente quando comecei a ouvir tal coisa e quando ela foi dotada de sentido.

9) Hoje em dia, minha trilha sonora conserva as melhores escolhas, mas também exige um esforço descomunal: ainda preciso aprender a diferença entre heavy metal, true metal, metal melódico, death metal, gótico, etc. Sem dúvida, são as escolhas da vida.

*
Este é meu post de boas-vindas!

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Dia Mundial da Voz

Hoje, dia 16 de abril , foi o dia mundial da voz. Essa data passa quase despercebida pela grande maioria das pessoas, mas não deveria.

Todo mundo tem voz. A não ser aqueles que possuem alguma alteração orgânica na laringe, bem ali na região das pregas vocais. Tirando isso, todo mundo tem voz. Sim, até os deficientes auditivos (por isso é um erro terrível chamá-los de surdos-mudos).

Enfim, o que me preocupa é a pouca importância que é dada pra esse instrumento de comunicação maravilhoso que a gente tem e que só valoriza quando perde.
Eu amo a área de voz. Estudei ela nos atores de teatro e me reapaixonei. Um aglomerado de detalhes, sutilezas, mecanismos mínimos que, quase sem querer, produzem a voz...é quase poético!

Portanto, pessoas, deixo aqui algumas fotos chocantes (chocantes pra vocês, porque eu acho as imagens simplesmente lindas!) de algumas alterações muito comuns que ocorrem em pessoas também comuns, pra tentar alertar aos perigos de uma voz mal cuidada e mal utilizada ou então, os malefícios que o cigarro causa, por exemplo. Não é moralismo, é só um alerta.

Professores, cantores, atores, advogados, vendedores, ...os chamados "profissionais da voz" precisam se ligar...e dar, de uma vez por todas, a importância que a voz merece. Afinal, o que vocês são sem voz?

Cuidem do instrumento de trabalho de vocês e sejam mais felizes!
p.s. despoluam a mente. as imagens são meras fotos da LARINGE. ¬¬




Laringe normal (durante a respiração)




(RGE= Refluxo Gastroesofágico)



Edema de reinke: comum em fumantes.


Nódulos: comum em professores, crianças e pessoas que costumam gruitar muito.


quinta-feira, 5 de abril de 2007

tudo o que a gente (não) queria ouvir.

estava eu folhando uma revista relativamente antiga (out/2006) na salinha do café lá da clínica, aproveitando meu súbito momento de descanso, numa das raras vezes em que algum paciente não aparece pra sessão. eis que me deparo com algumas páginas de entrevista. o título me chama atenção: "elas sofrem demais". e a foto ao lado, de um carinha de óculos com uma cara sorridente.

resolvi, claro, dar uma "lidinha assim bem por cima" pra saber do que se tratava o assunto. nunca imaginei que ali, naquelas 3 páginas, estariam as respostas para vários dos pontos de interrogação que habitam aquela -grande- área do cérebro feminino responsável por pensar nos homens. e o melhor de tudo: o entrevistado não era uma mulher de óculos com a cara sisuda, dessas feministas americanas que não entendem nada de homem.
era...Greg Behrendt, o roteirista do sex and the city! um cara normal, como esses que a gente encontra por aí, e que foi o responsável por construir as personagens masculinas do seriado.

pois bem. o greg dá várias barbadas e acabou virando meio que um consultor sentimental. com tudo isso, ele foi esperto e escreveu 2 livros sobre o assunto: "Ele simplesmente não está a fim de você" e "Termina quando acaba". Parecem livros de auto-ajuda banais, mas depois de ler o que o cara disse, algo me diz que são muito mais que isso: são a salvação da humanidade! é o fim do chororô entre a mulherada. tá tudo muito claro, os homens são simples mesmo, a gente é que complica. depois de ler isso, só não entende quem não quer. é pra cair a ficha e parar de sofrer além da conta.

abaixo, algumas bombas:

"Enquanto a mulher fica tentando descobrir o que deu errado, o homem já está convidando outra para sair. "

" O que os homens mais temem é ver uma mulher chorando ou fazendo escândalo na sua frente. É por isso que eles muitas vezes somem (...) sem dar satisfação."

"Os homens, em geral, encontram outras maneiras de lidar com o rompimento. Isolam-se em casa, na frente da TV, desafogam as mágoas praticando esportes, ficam bêbados (...)"

"Para os homens, só existem duas possibilidade nos relacionamentos amorosos: ou estão interessados e investem ou simplesmente não estão a fim."

"Os homens querem a mesma coisa que as mulheres (...), a diferença é a ordem de prioridade nas necessidades de cada um. A maioria dos homens não gosta de conversar o tempo todo, mas adora fazer sexo a qualquer hora."

"A maior mentira que os homens dizem na hora do fora é que o problema está nele e não nela. Na verdade, tudo o que eles pensam no momento é que não agüentam mais a parceira e querem tirá-la de sua vida."

Vai agüentar o resto? A entrevista completa tu pode ler aqui.

segunda-feira, 2 de abril de 2007

Entrando no clima de páscoa

Não se assustem se o ninho de páscoa de vocês amanhecer vazio no próximo domingo. O coelhinho pode ter surtado depois de um longo período de depressão. Idéias não faltaram aos meigos Bunny Suicides.
*Aviso de utilidade pública: não tentem fazer isso em casa sem a supervisão de um adulto responsável.


sexta-feira, 30 de março de 2007

ela desceu lânguida pelo corpo dele.
o clima era quente.
ele se arrepiou e seguiu mentalmente o trajeto dela, de olhos fechados.

ela desceu devagar, percorrendo cada centímetro da pele dele: começou na testa, desceu pelo canto do olho e fez uma paradinha insinuante no cantinho da boca. fugiu da língua sedenta e continuou até o pescoço. seguiu fazendo seu caminho molhado até a barriga e quando chegou na virilha ele sentiu um frio na espinha. o clima era muito quente.

ela se perdeu por entre as coxas e se emaranhou nos pêlos das pernas. desceu pela canela e terminou no pé esquerdo.

já exausta, a gotinha de suor morreu no asfalto quente e borbulhou inquieta até sumir completamente.

nada se cria...

essa é velha, eu sei. mas azar.

Flaming Lips e Yusuf Islam (AKA Cat Stevens), com suas respectivas obras "Fight Test" e "Father and Son". Quem se importa se for um plágio mesmo? Melhor plagiar o Cat Stevens do que o MC Leozinho, por exemplo.
Flaming Lips rules!







quinta-feira, 29 de março de 2007

docinho

eu acho muito interessante essa coisa de imagem. não tou falando de imagem de TV, tou falando da nossa própria.

tem aquela velha história das 3 imagens:
1. o que tu é
2. como os outros te vêem
3. como tu quer ou imagina que os outros te vejam

sendo que a nº 2 possui inúmeras ramificações, dependendo do número de pessoas que te conhecem. obviamente, cada um te vê de um jeito próprio = único = individual = pessoal.

pois então. hoje DUAS PESSOAS me disseram que eu sou doce. duas pessoas diferentes, que nem se conhecem e nada têm a ver uma com a outra.

como eu sou meio fã dessas teorias alternativas, já imaginei que algum planeta do meu mapa astrológico se perdeu em alguma casa justamente hoje e fez com que essas duas pessoas notassem alguma coisa diferente em mim. ou foi simplesmente um sinal da numerologia, já que hoje eu acordei às 6:29 em vez de 6:30. tarô. deveria botar minhas cartas assim que chegasse em casa. ou usar a cromoterapia também, em busca de respostas. mas e o medo de ver coisas que a gente não tá pronta pra ver?! esse negócio de tarô é perigoso. há! só pode ser coisa do plutão que agora que foi rebaixado se rebelou contra a astrologia.

enfim, decodifiquei as frases que eu ouvi em diversos significados e nenhum deles fechou com a imagem que eu tenho de mim.

doce...putz, "doce" é um adjetivo que eu deixaria por último se eu tivesse que fazer um lista. me acho muito impulsiva pra ser doce. abobada, eu diria. é, eu até sou braba às vezes. tá, não é sempre aliás, é bem raro, mas quando eu sou eu sou.
sou mal-humorada durante boa parte da manhã, séria com gente que eu não conheço (nem que seja nos primeiros 10 minutos) e sou atrapalhada com as palavras. (eu só sei corrigir as palavras dos outros, olha que incrível!)

tá, me dizer que eu sou "legal, alegre, amiga, D+, suuuuper, massa, tri, afudê, parceira, sincera, divertida...", essas coisas que as amigas escreviam nos nossos diários, isso sim. pq. todo mundo é tudo isso. mas...doce? vocês não entendem. eu sou uma pessoa ciumenta, teimosa, preguiçosa, a favor do aborto e da pena de morte, votei NÃO no referendo do desarmamento e já atropelei um passarinho doente! eu sou cabeça-dura, falo palavrão, brigo na rua com bebuns loucos e já reagi a duas tentativas de assalto! EU MATO LAGARTIXAS!

aí eu saio do habib's com uma pulga atrás da orelha e uma abelha me seguindo.
puta merda. ATÉ A ABELHA me achou doce hoje.

quarta-feira, 28 de março de 2007

por que diabos...

...as barras dos ônibus, aquelas pra gente se segurar, são tão altas?

segunda-feira, 26 de março de 2007

confusão mental

eu tenho que cruzar a cidade de ônibus pra chegar ao trabalho, todos os dias.

isso pode ter o lado ruim, mas talvez por já ter me acostumado eu acho até legal. vou ouvindo música e nem vejo o tempo passar.

o problema é justamente esse. eu fico ouvindo música e canto mentalmente, mexendo a boca discretamente. quando alguma coisa é muito empolgante, eu me contenho e bato com os indicadores na minha pasta, bem de leve, quando na verdade eu queria explodir num air drums mesmo que eu não tenha a menor noção de como fazer isso na vida real.

quinta-feira eu tava voltando do trabalho ouvindo uma versão do The Polyphonic Spree pra Lithium, do Nirvana. altamente empolgante.
eis que estou em pé, já pra descer e um senhor resolve me pedir alguma informação. não entendi o que era, porque a música tava tri alta. quando fui emitir um "oi?" mostrando meu interesse em ajudá-lo, saiu um sonoro "yeah?!", por causa da música que eu cantava mentalmente. fiquei com aquela cara de bolacha trakinas sem saber como conduzir a situação nos segundos seguintes.

eu normalmente consigo fazer duas coisas ao mesmo tempo, ou até mais de uma. mas ouvir música, cantar e dar informações, vamos concordar que não é muito fácil. isso já havia quase acontecido muitas vezes antes com outras músicas, mas eu sempre consegui dar um "pause" a tempo de evitar o mico. é o mesmo medo que eu tenho de responder o "bom dia" do cobrador muito alto, em vista dos fones enfiados nas orelhas tocando algum Porcupine Tree, Rush ou Red Hot às 7 da manhã no volume 20.

bom, o véio me olhou meio brabo, achando decerto que eu tava tirando onda com a cara dele. senti o meu rosto esquentar, sorri um sorriso amarelo e, ainda bem, desci na minha parada. não contive a gargalhada, sozinha, no meio da rua.

deve ser ridículo me olhar de longe quando eu tou ouvindo música. algumas dancinhas rápidas, movimentos de cabeça e de braços coordenados não combinam muito bem com uma mocinha de tamanquinho voltando do trabalho.

quarta-feira, 21 de março de 2007

escatologias

ESTE POST CONTÉM ELEMENTOS ESCATOLÓGIOS HARD CORE. SE VOCÊ É UM LEITOR FRESCO, RECOMENDO NÃO ULTRAPASSAR A LINHA. NÃO ME RESPONSABILIZO POR EVENTUAIS ENJÔOS.

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(ok. eu avisei.)


dizem que quando a gente gosta de alguém, precisa gostar também dos defeitos dessa pessoa. eu sinceramente desconcordo (eu gosto de criar palavras. em breve aqui, a fantástica gramática da língua marianesca).

mas normalmente quando eu gosto da pessoa, eu perco todas as frescuras escatológicas, próprias da raça humana em bom estado de saúde mental (excluir enfermeiras e afins). tá, agora vocês vão pensar bobagem. vão achar que eu curto uma "chuva dourada" e não é nada isso. não tenho nenhuma simpatia por sadomasô.

primeiro, eu aprendi que uma pessoa vomitando precisa de ajuda, ainda mais quando é criança. antes, eu não podia nem ouvir aquele barulho, sabem? o "huãg" (ou hugo, pros íntimos), muito menos sentir o cheiro. mas um dia a luísa ficou doente e eu tava sozinha com ela em casa. a pequena vomitou tudo que podia e eu ali, segurando ela numa boa. e só fui me dar conta que eu tinha vencido minha nojentice horas depois do acontecido. eu ainda não desenvolvi um sentimento maternal, mas fiz um bom estágio.

depois, aprendi que muitas vezes, a gente precisa acodir alguém que grita "deeeeu mããe", mesmo que a gente não tenha filhos. e isso aconteceu inúmeras vezes com meus pacientinhos. durante os estágios, crianças que eu nem conhecia direito me ensinaram a lidar naturalmente com o fato de entrar no banheiro masculino e limpar bundas. hoje isso segue acontecendo, só mudou o banheiro. e as crianças, claro.

nota: há muito tempo, meus pais foram no supermercado
e eu fiquei sozinha com a nathália
(que hoje tem 19 anos). ela resolveu fazer cocô.
eu devia ter uns 11 e, obviamente, não quis limpar ela.
peguei a caixa da minha coleção de gibis da mônica
e larguei na frente dela no banheiro:
-ó! vai olhando isso aí até o pai e a mãe chegarem.
ela ficou, bem quietinha.

depois, eu tive namorados e coisas do tipo. nunca vi como homem vomita! é um porre e uma vomitada. com isso, aprendi também a ajudar de adultos que vomitam. ficava analisando o que saía, ainda, pra o caso do médico perguntar. nunca se sabe. e mandava pra chuveirada depois.
nessa mesma época, desenvolvi um certo apreço por limpar nariz. dos outros. sendo criança e namorado, tiro tatus numa boa. criança normalmente é meio ranhentinha por natureza, mas é só ter habilidade que aquele ranho mais durinho (o pseudo-tatu) fica bem preso embaixo da unha. só tem que cuidar pra não arranhar o septo. e tem que usar o dedo mínimo, porque elas têm uma narinazinha, né! o tatu dos adultos é um pouco diferente, mais consistente. com sorte, consigo tirar aqueles que são durinhos no começo e depois se transformam num fio de ranho... esses são o filé mignon! tirar tatus me causa um certo alívio, sabem? não sei explicar muito bem, mas me dá muito prazer. claro que eu tiro os meus próprios tatus, mas não tem muita graça.

nem vou falar sobre cravos, espinhas, bolhas, cera de ouvido e remelas. todas essas coisas são deliciosas de tirar ou estourar. mas isso é mais básico, nem pode ser considerado escatológico. é praticamente uma questão de higiene.

eu tenho meus nojos, sim. mas de coisas realmente nojentas, tipo mondongo, polvo, azeitona e lagartixas. ARGH!

sexta-feira, 16 de março de 2007

tortura

eu sempre soube que mais cedo ou mais tarde eu teria problemas de coluna.
porque eu sou toda torta, há anos. tudo começou na época do colégio e aquela maldita mania de carregar a mochila em um ombro só.

muito bem, foi assim que eu ganhei a escoliose. no começo ela era meiga, charmosinha..."ai, que gracinha! ela é tortinha!". tá. eu nunca dei bola.

aí, anos depois, quando fiz avaliação postural na academia, virei atração.

- "fulanoooo! corre aqui, olha isso! uma escoliose linda de se ver! lembra aquele trabalho da faculdade sobre isso?! bah, que horror, né?! nunca pensei que veria isso ao vivo..."

tudo bem. com os exercícios especialmente escolhidos pra mim, a minha simpática acompanhante que me deixa com o ombro direito caído tava com seus dias contados. melhorei muito, muito mesmo, quase consegui igualar os ombros. como eu não tinha dor, nunca levei isso muito a sério, mal notava a minha tortura toda.

aí, um belo dia, estava eu lá deitada no colchonete da academia, fazendo abdomináveis, digo, abdominais. eis que o meu instrutor pára do meu lado e fica olhando como se estivesse num zoológico vendo um animal raro.

- meu deus, mariana! o que é isso?!

eu parei imediatamente de fazer a série, achando que tava fazendo errado. ele continuou, meio apavorado e, atravessando o braço inteiro por baixo da minha lombar, falou:

- olha isso! mas que baita hiperlordose! tu pediu pra ser torta e entrou duas vezes na fila, hein?! pára já com tudo isso. vamos ter que rever a tua postura.

ai ai. eu já tava achando aquilo um saco. perseguição, só pode! depois da escoliose, descobriram uma hiperlordose. tudo bem, lá fui eu com mais uma lista de exercícios só pra tal da lombar. fiz um pouco e logo depois abandonei a academia temporariamente por motivo de força maior.

pois é. só que essa semana as gurias resolveram incomodar. a escoliose e a hiperlordose têm se manifestado de maneira cruel não me deixando ficar muito tempo sentada. estou a base de dorflex e bolsinhas de água quente. e elas são tão ruins comigo que já tão irradiando a dor tanto pra perna direita quanto pra nuca e cabeça.

eu precisava de uma semana num spa específico para dores nas costas, ou
um(a) massagista particular, ou
uma reeducação postural global, ou
uma consulta com o ortopedista, ou
mais uma cartelinha de dorflex.

eu só preciso conseguir terminar de escrever as minhas coisas!
deu pra entender?

terça-feira, 13 de março de 2007

a questão é:

existe vida antes da morte?*













*por luciano mattuella.

segunda-feira, 12 de março de 2007

semelhanças

A notícia: Bush é o presidente com o menor Q.I. em 60 anos.

Eu vi essa matéria e me lembrei de um artigo que eu li sobre o sistema límbico (sistema responsável pelas nossas emoções) de uma espécie de macacos (Rhesus - ver figura abaixo). O estudo era o seguinte: danificaram o cérebro dos macacos propositalmente em áreas específicas desse sistema, pra saber o que aconteceria. Pois bem, essa pesquisa resultou na maior modificação do comportamento de um animal até hoje obtida após um procedimento experimental:

- os animais se deixaram dominar com facilidade (normalmente são selvagens e agressivos).

-ocorreu uma perversão do apetite, os animais passaram a comer coisas que não comiam antes.

-agnosia (perda do conhecimento) visual, onde os macacos não mais reconheciam obejtos ou animais que antes lhes causavam medo, como por exemplo: cobras e escorpiões.

-tendência oral, manifestada pelo ato de levar à boca todos os objetos que encontra (os escorpiões, inclusive).

-tendência hipersexual, que levou os animais a tentarem incansavelmente o ato sexual (até mesmo com indivíduos do próprio sexo ou de outra espécie) e se masturbarem continuamente.

eu não sei, mas juntando as informações: Q.I. baixo, comportamentos estranhos e muitas vezes inexplicáveis, sentimento de onipotência não reconhecendo o perigo, vocabulário restrito e agnosias múltiplas, hmm...até dá o que pensar. Devem ter deixado a jaula aberta.

Abram o olho. A verdadeira revolução dos bichos pode estar prestes a acontecer, afinal se um deles conseguiu um cargo no governo, os outros também vão querer.


Tem memória pra quê?

O que me condena é o marcador de página.

Culpo todos os livros lido pela metada nesse pedacinho (quase) insignificantes de papel. Com ele eu deixo o livro de lado, afinal, o marcador est
á marcando a página onde parei, para quando eu voltar a ler, saber exatamente onde parei.

Sempre esqueço, porém, que eu esqueço de continuar o livro, e depois de 2 dias, ja to pegando outro para ler. E,
ás vezes, chego até a pegar o marcador do livro anterior...

Mas se não uso o marcador, sou obrigada a terminar o livro antes que eu me esqueça o
número da página em que estava. Fazendo, assim, com que eu termine, em média, um livro de 200 páginas em 4 dias.

E ainda há quem diga que sou nerd...

É nisso que dá ser a Dory.