Hoje tava conversando com um amigo meu que mora no Rio. Começamos falando sobre o rebaixamento do plutão, e terminamos numa discussão deprimente, concluindo que o Brasil não tem mais jeito.
Parece uma discussão clichê, rasa, superficial, movida pelo caos da aproximação das eleições. Mas as conversas com o Dani são sempre muito emocionantes. O Dani é um apaixonado que nem eu. E somos apaixonados não só pelas pessoas com quem estamos, mas uma paixão assim meio revolucionária. Não é revolucionária de cunho político, de guerrilhas, de querer mudar o mundo, mas uma revolução interna e incessante.
Falamos sobre Copa do Mundo. E vieram as discussões sobre jogos comprados, jogadores que só pensam em dinheiro, patrocínio, investidores e o fim do sentimento de equipe. É, todo mundo discute isso.
Eu falei que há muito tempo andava desacreditada desses "ópios do povo". Essas coisas me cansaram. Hoje, eu me sinto uma idiota torcendo pelo Brasil. Mas torço. Porque eu sempre fui muito apaixonada pelo meu país. Cresci num ambiente de respeito, orgulho e patriotismo pelas minhas coisas, pelo meu lugar e não tem essa de ficar louvando Europa e Estados Unidos...mas agora, voltando de lá, bate uma tristeza....porque o Brasil podia dar uma surra em qualquer país do mundo se fosse bem administrado e respeitado. É, todo mundo discute isso.
Ok, não vai faltar gente pra dizer que tem a questão histórica...sim, tem a questão histórica. E eu não vou entrar nessa discussão, porque simplesmente não me sinto segura pra falar sobre isso e reconheço que tem gente muito melhor que eu nesse aspecto, que daria uma aula sobre todo esse processo desde a época do Brasil colônia.
Mas o que eu quero tentar explicar é que, história por história, (sim, eu vou me arriscar) a Alemanha foi totalmente destruída pelo nazismo, mas se reergueu. Tá, agora sim, vai ter gente me chamando de burra, inconsequente, metida e petulante por ter feito uma comparação dessas. Não me importo. Eu pensava sobre isso andando nos metrôs lá em Munique. Eu tentava entender como um país que foi acabado, começou do zero e se tornou uma potência. E esse pensamento me dava uma pontinha de esperança.
A Alemanha sofre as consequências da guerra até hoje. Tá numa baita crise econômica, paga aposentadorias astronômicas e não tem mão de obra qualificada. A Angela Merkel aumentou um monte de impostos e tá sendo vaiada pela população.
Daí eu volto a pensar no Brasil. E volta o frio na barriga. O que falta aqui, na minha humilde porém sincera opinião, se resume em uma única palavra: educação. Enganam-se os que ainda pensam que educação é saber ler, falar bem, estar na escola, pedir por favor e dizer obrigado. Enganam-se os que acham que educação não é tudo. É tudo sim.
Educação envolve construção de caráter, envolve cultura, envolve ética, envolve conhecimento, consciência e resulta em respeito e, mais tarde, reflete exemplo.
Um empresário bem sucedido, com dez mestrados, quilos de qualificações, um gentleman, bem casado, romântico, pode ser considerado educado. Mas, no momento em que ele burla a lei pra empresa dele pagar menos imposto, na minha opinião, perde o status de "educado".
A minha insistência é em ampliar o significado dessa palavra pra que ela deixe de representar apenas uma caixa de lápis de cor Faber Castell, crianças sorridentes e hora da merenda.
Eu sou geminiana e vou continuar sendo, mesmo sem o Plutão na casa 12. Continuo teimosa.
E continuo tentando achar saídas, pra não ter mais que ouvir do meu amigo lá do Rio, implorar pra que explodam o estado dele com ele dentro, "porque é a única solução". Continuo fazendo o meu papel, pra não ter mais que ouvir ele dizer que quem vive no Rio, viveria em Bagdá, tranquilamente.
Continuo lutando, incessantemente, pra não deixar essa célula que ainda me sobra, de paixão, de acreditar que dá pra melhorar alguma coisa, desaparecer.
É, todo mundo discute isso.
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