terça-feira, 17 de abril de 2007

Se eu me chamasse Rob Gordon, fosse dono de uma loja de discos de vinil à beira da falência, não tivesse sorte no amor e, ao mesmo tempo, fosse uma enciclopédia ambulante de música, o título deste post seria High Fidelity. O título permanece, mas traz a trilha sonora da minha vida. Muito mais que as músicas que embalaram os relacionamentos, mas aquelas que marcaram as escolhas e o que defini como prioridades para minha vida.

1) Comecemos pelo começo. Não faço a mínima noção do que meus pais ouviam quando eu nasci, nem nos meus primeiros anos de vida. As lembranças mais remotas dos grandes concertos da minha tenra infância remetem ao show dos Menudos e da chegada do papai noel com a Xuxa. Além disso, tinha os bolachões lá em casa, mas que não variavam muito de qualidade: Balão Mágico, Polegar, Dominó, Xuxa e Menudos (de novo). Quando passei a ter um pouco de vergonha na cara, aos quatro anos, meu gosto refinou-se e parti para uma devoção sem precedentes ao RPM. O LP "Rádio Pirata ao vivo" era o mais tocado embalava minhas coreografias de ballet e jazz.

2) Depois, lembro no finalzinho da década de 1980 e início dos anos 1990, curtir do rádio todos aqueles que, somente muito tempo depois, descobririam que foram os mestres daqueles anos: New Order, Pet Shop Boys, Erasure, Rome, ... Ah, e é claro: tinha o "Viva a noite", no SBT, que trazia todos os sábados aquela coisa absurda (mas maravilhosa) chamada Lokomia.

3) Em 1995, lembro-me de ter comprado meu primeiro CD. Era uma coletânea que embalava as reuniões dançantes que tanto me frustravam (sim, pelo resultado amoroso, pelo que mais poderia ser?) Acho que o nome era "Top Surprise". e tinha músicas como "Oh Carol" (não, não é um culto personalístico) e "Guantanamera" em uma versão ultra-super-mega remixada (ridícula). Mas era o meu cd. Antes disso, já aprendera que cd não se rebobinava através da trilha sonora de "Don Juan de Marco" da minha mãe.

4) Aos poucos, comecei a adquirir um pouco mais de tino musical, mas não sem ter dado umas escorregadas. Em 1996, mesmo odiando pagode, eu cantava até a morte "Lua vai" (nem sei se este é o nome da música). Tinha um porquê. Era a oitava série, colegas se despedindo, clima de turma, amores platônicos, etc. Tempo legal aquele, quando recém estávamos descobrindo o Cord (!!!) e o rodízio de pizzas.

5) A primeira balada de amor foi "Santeria", Sublime.Durante todo o primeiro ano do Ensino Médio alimentei um amor que somente daria certo na minha cabeça ao som desta trilha sonora. Com certeza o romance não deu certo, também, pela péssima escolha musical.

6) Final do Ensino Médio. Este item poderia ser um tópico inteiro. Teve "Mano Chao" em Búzios (inesquecível), o cd "Animals" durante os exercícios de matemática. A descoberta do "The wall". As sessões de "Abbey Road" até a décima vez consecutiva. O som do Galpão. Um dos melhores anos da minha vida. Pena que tinha que terminar.

7) Quando entrei na faculdade em 2000, era uma época em que eu praticamente só ouvia Pink Floyd, Beatles e Raul Seixas. Depois de passar por um vestibular no qual não havia sido aprovada para o curso que eu queria (Publicidade) e ter recebido uma segunda chance no curso de História (ainda bem!!! - consideração de hoje), a música que não saía de minha cabeça era "Ouro de Tolo", do Raulzito. O versos

Eu devia estar contente
Por ter conseguido tudo o que eu quis
Mas confesso abestalhado
Que eu estou decepcionado

Porque foi tão fácil conseguir
E agora eu me pergunto "e daí?"

faziam todo o sentido pra mim. Aos poucos, eu fui me familiarizando com outros clássicos, aí foi impossível deixar de ouvir The Who, Led, Jethro Tull, e mais uma infinidade de coisas que seria demasiado estafante de descrever agora.

8) Nestes anos que se seguiram, somente uma divisão temática poderia ser feita, não me lembro mais cronologicamente quando comecei a ouvir tal coisa e quando ela foi dotada de sentido.

9) Hoje em dia, minha trilha sonora conserva as melhores escolhas, mas também exige um esforço descomunal: ainda preciso aprender a diferença entre heavy metal, true metal, metal melódico, death metal, gótico, etc. Sem dúvida, são as escolhas da vida.

*
Este é meu post de boas-vindas!

3 comentários:

Anônimo disse...

A coletânea de '95 que tu cita é "Top Surprise 2" (que não chegava a ser tão boa quanto a primeira). Eu tinha algumas músicas dessas duas coletâneas gravadas em FITA. :-)

Chris disse...

Hehehe... acho que, em relação à música, todos temos o nosso passado negro. :-)

mariana disse...

seja bem-vinda, chou!

não te preocupa, que um dia eu já achei que "lá vem o negão" era música boa! uhauahuahauhauha...que bom que eu participei diretamente a partir do tópico nº5 contigo. e, indiretamente de todos os outros, pq. vivi a mesmíssima fase. :D