sábado, 5 de novembro de 2005

Em terra de cego, quem tem olho ajuda o narrador.


Do que o ser humano é capaz quando não está sendo observado?
O que são as pessoas quando comandadas apenas pelos instintos?
Do que somos capazes para garantir nossa sobrevivência?
(Não, isso não é o anúncio da nova edição de "survivors" ou "no limite", mas poderia ser)

José Saramago vai muito além da discussão clichê "no fundo somos todos cegos ainda que enxerguemos".
Ensaio sobre a cegueira, relata o caos de um lugar onde toda a população fica cega num piscar de olhos (literalmente) e, um a um, mergulham em uma cegueira branca, contrariando a associação comum dessa deficiência com a escuridão. O desepero aumenta quando os cegos são arrebanhados e levados a um manicômio desativado. Amontoados lá dentro, a única lei que rege é a da sobrevivência.

Diálogos separados apenas por vírgulas, exigem o mínimo de concentração durante a leitura.
Além disso, não existe nenhuma pista histórica que situe o romance, fazendo dele um retrato contundente da condição humana justamente pela ausência de marcadores de tempo, espaço e identidade. Personagens sem nomes, são identificadas por características físicas, profissão ou parentesco. "Todas elas, temem muito mais a revelação do que realmente são do que a sensação de impotência causada pela cegueira".

Leitura maciça, capaz de prender até os leitores mais aéreos e dispersivos (eu) da primeira à última página.

Acima de tudo, uma grande metáfora levada até as últimas conseqüências que faz pensar sobre moral e ética.

2 comentários:

Anônimo disse...

Esse livro tem figuras?

mariana disse...

hehehehehe...não tem nem dois pontos e travessão! Que dirá figuras...