domingo, 30 de setembro de 2007

muita areia pro meu caminhãozinho.

abri o site da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia na esperança de que a minha memória estivesse me traindo. Há alguns meses, lembro de ter visto que as inscrições pro Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia, que esse ano vai ser aqui em Gramado, seriam em torno de 800-900 reais.
eu juro que ainda alimentava uma pontinha de esperança de que tudo isso não fosse bem assim, ou que pelo menos o valor pudesse ser parcelado em suaves prestações.

que tolinha que eu sou.

a partir de amanhã, até o dia da abertura do congresso (16 de outubro), as inscrições passam a ser 970 reais. Sério, NOVECENTOS E SETENTA REAIS. Mais hospedagem, comida, etc. Fora os 3 dias de afastamento do trabalho, que soariam como uma catástrofe na clínica, porque a minha chefe não entende que essas coisas são importantes. (alguém já viu "o diabo veste prada"? se pelo menos a minha chefe chata fosse elegante que nem a Miranda, ou eu tivesse a cara da Andy, mas nem isso...)

Dou muita importância pra eventos científicos, tenho muita vontade de ver, ler, ouvir e aprender coisas novas, me antenar nas novidades, estar no meio de pessoas importantes na minha área...mas NOVECENTOS E SETENTA REAIS ainda é muito dinheiro pra mim. me resta fechar a janela do site e lamentar profundamente. um congresso desse tamanho no pátio de casa e eu não vou nem poder espiar da janela. é foda.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Efeito Borboleta



Tu beso se hizo calor,
luego el calor, movimiento,
luego gota de sudor
que se hizo vapor, luego viento
que en un rincón de La Rioja
movió el aspa de un molino
mientras se pisaba el vino
que bebió tu boca roja.


Tu boca roja en la mía,
la copa que gira en mi mano,
y mientras el vino caía
supe que de algún lejano
rincón de otra galaxia,
el amor que me darías,
transformado, volvería
un día a darte las gracias.


Cada uno da lo que recibe
y luego recibe lo que da,
nada es más simple,
no hay otra norma:
nada se pierde,
todo se transforma.


El vino que pagué yo,
con aquel euro italiano
que había estado en un vagón
antes de estar en mi mano,
y antes de eso en Torino,
y antes de Torino, en Prato,
donde hicieron mi zapato
sobre el que caería el vino.


Zapato que en unas horas
buscaré bajo tu cama
con las luces de la aurora,
junto a tus sandalias planas
que compraste aquella vez
en Salvador de Bahía,
donde a otro diste el amor
que hoy yo te devolvería...

Todo se transforma - Jorge Drexler

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

sobre terapiar

Trabalhar com crianças só tem vantagens. só hoje eu:

- pulei amarelinha e dei um banho de agilidade e destreza na guriazinha mesmo depois de anos sem praticar. tirei a sandália e ganhei sem dó. ou iés.
- joguei banco imobiliário e o jogo da vida.
- fizemos um megacastelo com cubos de madeira que ficou tão afudê que eu chemei a minha chefe pra ver.
-apostei uma caixa de bis com o meu paciente colorado pro grenal de domingo.
- e o melhor do dia: CONSEGUI O DVD DO SHREK TERCEIRO EMPRESTADO!

eu ando cansada, mas amo o meu trabalho!

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

sobre os sexos

tem uma revista chamada "Mente e Cérebro" que é genial.
é uma revista com artigos sobre neurociências, psicologia, psiquiatria e todo tipo de conhecimento científico sobre emoções e relações humanas.

na edição que eu tenho aqui em casa, o tema da revista é a "trégua entre os sexos", ou seja, como as questões neurobiológicas determinam divergências e convergências entre homens e mulheres.

é um artigo melhor que o outro. entre eles, existe um, escrito pelo primo do Sacha Baron-Cohen, Simon Baron-Cohen, sobre a diferença da linguagem entre meninos e meninas. isso é uma coisa bem visível na clínica fonoaudiológica, mas sempre surgiu a questão: até onde as manifestações e os distúrbios de linguagem são mesmo diferentes e até onde é pura influência da sociedade?
porque existe um pré-conceito de que meninos são mais obejtivos e meninas mais sutis e demoradas pra expressar idéias, mas eu nunca havia lido algo tão esclarecedor quanto o artigo do primo do Borat.

Eu tenho 33 pacientes neste momento. destes 33, 9 são meninas e 24 são meninos. todos com a mesma condição social, praticamente. Então, eu sempre pensei que deveria haver alguma explicação pra esse fato, que é compartilhado por outras colegas minhas também.

Nessa revista, muita coisa foi explicada. Sempre se soube que as questões hormonais e neuroquímicas do ser humano são altamente influentes no comportamento, mas agora, dúvidas do tipo "quem mente mais?" e " a manifestação do ciúme" e ainda "diferenças de desempenho escolar" começaram a ser resolvidas. descobri, por exemplo que as mulheres tendem a ser mais dissimuladas e os homens perdem o controle mais facilmente durante uma discussão. tudo bem, isso todo mundo que se interessa pelo comportamento humano já deve ter se dado conta, mas agora, já existem as respostas para os porquês.
essa revista é tão sensacional que um dos artigos esclarece minuciosamente que os padrões de comportamento e de repertório cognitivo refletem influências endócrinas na química cerebral.

No curso que eu tou fazendo sobre a "abordagem neurobiológica dos transtornos de aprendizagem" muita coisa também está sendo esclarecida. principalmente no sentido de como conduzir a terapia de meninos e meninas.

por isso eu sempre me indignei e me manifestei contra toda essa bobagem de algumas mulheres quererem a igualdade entre os sexos. já fui tachada de machista e até mesmo RASA, quando brinquei, com alguns clichês de "homens x mulheres", aqui nesse blog mesmo.

os fatos biológicos vão além do preconceito. eu defendo a diferença de habilidades entre homens e mulheres SIM e cada vez tenho mais provas científicas disso. mas defendo também, a capacidade infinita do ser humano de aprender coisas novas, mesmo que a genética pré-determine alguns comportamentos. é só uma questão de usar o bom senso.

*
sendo assim, meu caro amigo anônimo, dedico esse post inteiro pra ti. espero que tu faça bom proveito dele e tire tua própria conclusão sobre o que eu penso a respeito de homens e mulheres. ainda é pouca coisa, eu sei. poderia ficar aqui falando durante muito mais tempo, mas acho que por enquanto tu tem respaldo suficiente pra comentar sem ficar falando bobagem por aí sobre blogues e autores que tu pensa que conhece.

que fique a lição: ter opinião sobre alguns assuntos todo mundo pode e DEVE. mas sustentar a opinião com fatos que vão além do "achismo" e da falta de respeito não é tão simples.
ter opinião, independente qual seja e sobre qualquer que seja o assunto é um ato corajoso. mas pode também se tornar algo extremamente covarde, quando a gente tem medo até de mostrar a cara.