terça-feira, 28 de julho de 2009

raiva

não dá pra entender a mentalidade de algumas pessoas.
tem certos comportamentos que me irritam profundamente, me desanimam, me fazem repensar se eu realmente quero ter filhos, afinal, nem a educação que a gente recebe em casa parece ser suficiente pra nos proteger de desaforos coletivos.

sábado resolvemos ir ao cinema. cinemark. lugares marcados.
cada vez mais fácil comprar ingresso, nem precisamos mais entrar na fila se temos o visa electron. escolhemos os lugares a dedo - literalmente - bastou encostar na tela. fila M, poltronas 9 e 10. uau! modernidades! porto alegre está entre as capitais mais modernas, hein?!

fomos jantar. tranquilo, temos lugar marcado.

me dei ao trabalho de pegar novamente o ticket pra conferir a fila certa antes de começar a subir, pra evitar confusão. imaginem a minha surpresa ao chegar nos nossos lugares e ver um casal muito bem acomodado nas poltronas que eu havia escolhido.

-desculpa, mas as poltronas 9 e 10 são nossas.
-ah, é que a sessão tá vazia, achei que não teria problema. - a ridícula com cérebro de ervilha respondeu na maior cara de pau.

fiquei ali parada por alguns segundos, sentindo o sangue subir até sentir as bochechas ardendo e os olhos injetados de raiva. não é possível. isso é no mínimo um desaforo. abri a boca pra dizer que eu lamentava, mas que os lugares eram MEUS pelas próximas 2 horas, mas não deu tempo.
eu não sei por que motivo o vinícius foi me empurrando pro meio da fileira tentando evitar que eu fizesse valer o meu direito. ele é a pessoa mais briguenta que eu conheço, xinga TODAS as pessoas no trânsito, por exemplo. aí ele resolveu dar uma de mariana quando tá no banco do carona e disse que a gente não precisava estragar o sábado por causa do lugar, que não valia a pena discutir já que a sessão tava vazia. sentamos duas poltronas ao lado das NOSSAS, que estavam ocupadas por aquele casal imbecil com mentalidade de ameba, achando que é legal tirar vantagem do que quer que seja.

eu babei de raiva até o filme começar. praguejei até a oitava geração daqueles dois até que...JOHNNY DEPP! Ahhhh....ele apareceu pra me fazer esquecer todo o resto.

eu ainda torço pra que isso aconteça de novo comigo. porque aí, não vai ter vinícius nem johnny depp que vão me fazer desistir de brigar. se ninguém ensinou esses imbecis que respeitar lugar marcado é coisa de gente educada, eu vou ensinar. nem o shrek é tão sem modos quanto essas pessoas.

a sociedade ainda não tá preparada pra certas modernidades que exigem um pingo de educação.
lamentável.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

a arte de procrastinar

eu não devia estar aqui.
eu devia estar fazendo um trabalho sobre os problemas de mensuração nas pesquisas em neuropsicologia, mas estou aqui.
eu procrastino demais. mas é que o assunto do trabalho é chato demais também.
eu não gostaria de ser assim, mas parece que eu faço de propósito pra me distrair.
que droga. eu tenho que fazer esse negócio pra amanhã.

eu já nasci procrastinando. passei da hora de nascer por pura displicência. eu deveria ter nascido umas horas antes, mas eu quase morri por dizer "já vou nascer, peraí..."

isso me acompanha até hoje.
acho que meus neurotransmissores precisam de ajuda química. não é possível.
é muita dispersão.
é que tá frio também.
e quando tá calor, eu fico com calor, daí não dá pra fazer.
quando é dia, é porque ainda é dia.
quando é noite é porque já é hora de dormir.

eu detesto isso em mim.
tá chega.

domingo, 12 de julho de 2009

toda unanimidade é burra.

já falei que não gosto do paulo coelho.
ainda não falei que não acho o woody allen um gênio, talvez fale sobre isso um dia.
mas hoje eu quero falar de outra unanimidade, uma unanimidade regional: martha medeiros.

eu não vou questionar a capacidade intelectual dela. não porque isso seja indiscutível, mas pelo simples fato de ser indiferente para esse post.
o que me interessa é entender esse fenômeno vazio.
sinceramente, não sei por que ela ganha tanto destaque. vocês podem achar que eu sou invejosa ou racalcada. mas o fato é que só o que explica tantas mulheres se identificarem com ela, é essa frase fantástica do nelson rodrigues que serve de título.

martha medeiros é tão superficial quanto as mulheres que ela descreve e inventa. é tão oportunista quanto os terríveis homens que ela critica. qualquer dona-de-casa com tempo consegue refletir e escrever uma coluna igual -ou melhor- do que as dela. e não que as donas-de-casa sejam menos inteligentes. mas justamente pelo fato de não terem todo esse glamour e reconhecimento, o que é injusto, visto que a maioria dessas mulheres de verdade tem muito mais consistência pra falar sobre outras mulheres ou sobre elas mesmas. porque essas sim, vivem a realidade que ela tanto quer retratar.

as defensoras de martha podem dizer que isso é positivo, que significa que ela tem essa identificação com as mulheres.
seria. se ela não fosse um engodo. martha não é essa mulher super legal-prafrentex-descolada-livre de preconceitos-de coração enorme e compreensiva. não é. ela é uma pessoa que usa máscara. que se faz de legal pra atingir mulherzinhas suscetíveis que lêem crônicas bobinhas e tomam como verdade, se emocionam, se identificam. mulheres, acordem!

não existe mais espaço, em pleno 2009, pra discussões do tipo "homens são de marte, mulheres são de vênus", "porque os homens traem e as mulheres choram?". dramas românticos me enojam, me irritam. talvez alguma psicóloga explique isso um dia.
é muito fácil refletir sobre coisas que tocam as pessoas. é fácil enganar. paulo coelho faz isso. é extremamente simples jogar questionamentos ou frases feitas ao vento. e terminar com um ar de "pensem nisso..."

ontem vi o filme "divã". vi, porque apesar de ser extremamente crítica e preconceituosa nesse sentido (porque eu não vejo qualquer filme), eu sou legal e resolvi dar mais uma chance a ela. é que nem quando a gente esfrega os olhos pra ter certeza de que não está vendo coisas.
definitivamente, não dá.
o que salva o filme de uma grande vergonha do cinema nacional é a atuação brilhante da lilia cabral. é lamentável, superficial, simplista, uma grande baboseira. meus pais viram comigo. ficaram chocados com a falta de assunto.
não vou comentar o filme, quem quiser que assista. depois não digam que não avisei.

eu não sei por que nunca me identifiquei com a martha. talvez porque eu não seja tão facilmente corrompível, porque eu seja contra esse movimento mulherzinha que assola o mundo e os relacionamentos, porque eu seja totalmente contra a guerra dos sexos. mas eu prefiro mil vezes ler o david coimbra.

desculpa, martha. foi um desabafo.
que nem os que tu descreve. de mulher pra mulher.
assim, bem bichinha.