quinta-feira, 24 de agosto de 2006

Discussões de buteco rendem posts longos que ninguém lê, mas eu não me importo.

Hoje tava conversando com um amigo meu que mora no Rio. Começamos falando sobre o rebaixamento do plutão, e terminamos numa discussão deprimente, concluindo que o Brasil não tem mais jeito.

Parece uma discussão clichê, rasa, superficial, movida pelo caos da aproximação das eleições. Mas as conversas com o Dani são sempre muito emocionantes. O Dani é um apaixonado que nem eu. E somos apaixonados não só pelas pessoas com quem estamos, mas uma paixão assim meio revolucionária. Não é revolucionária de cunho político, de guerrilhas, de querer mudar o mundo, mas uma revolução interna e incessante.

Falamos sobre Copa do Mundo. E vieram as discussões sobre jogos comprados, jogadores que só pensam em dinheiro, patrocínio, investidores e o fim do sentimento de equipe. É, todo mundo discute isso.

Eu falei que há muito tempo andava desacreditada desses "ópios do povo". Essas coisas me cansaram. Hoje, eu me sinto uma idiota torcendo pelo Brasil. Mas torço. Porque eu sempre fui muito apaixonada pelo meu país. Cresci num ambiente de respeito, orgulho e patriotismo pelas minhas coisas, pelo meu lugar e não tem essa de ficar louvando Europa e Estados Unidos...mas agora, voltando de lá, bate uma tristeza....porque o Brasil podia dar uma surra em qualquer país do mundo se fosse bem administrado e respeitado. É, todo mundo discute isso.

Ok, não vai faltar gente pra dizer que tem a questão histórica...sim, tem a questão histórica. E eu não vou entrar nessa discussão, porque simplesmente não me sinto segura pra falar sobre isso e reconheço que tem gente muito melhor que eu nesse aspecto, que daria uma aula sobre todo esse processo desde a época do Brasil colônia.

Mas o que eu quero tentar explicar é que, história por história, (sim, eu vou me arriscar) a Alemanha foi totalmente destruída pelo nazismo, mas se reergueu. Tá, agora sim, vai ter gente me chamando de burra, inconsequente, metida e petulante por ter feito uma comparação dessas. Não me importo. Eu pensava sobre isso andando nos metrôs lá em Munique. Eu tentava entender como um país que foi acabado, começou do zero e se tornou uma potência. E esse pensamento me dava uma pontinha de esperança.

A Alemanha sofre as consequências da guerra até hoje. Tá numa baita crise econômica, paga aposentadorias astronômicas e não tem mão de obra qualificada. A Angela Merkel aumentou um monte de impostos e tá sendo vaiada pela população.

Daí eu volto a pensar no Brasil. E volta o frio na barriga. O que falta aqui, na minha humilde porém sincera opinião, se resume em uma única palavra: educação. Enganam-se os que ainda pensam que educação é saber ler, falar bem, estar na escola, pedir por favor e dizer obrigado. Enganam-se os que acham que educação não é tudo. É tudo sim.
Educação envolve construção de caráter, envolve cultura, envolve ética, envolve conhecimento, consciência e resulta em respeito e, mais tarde, reflete exemplo.

Um empresário bem sucedido, com dez mestrados, quilos de qualificações, um gentleman, bem casado, romântico, pode ser considerado educado. Mas, no momento em que ele burla a lei pra empresa dele pagar menos imposto, na minha opinião, perde o status de "educado".

A minha insistência é em ampliar o significado dessa palavra pra que ela deixe de representar apenas uma caixa de lápis de cor Faber Castell, crianças sorridentes e hora da merenda.

Eu sou geminiana e vou continuar sendo, mesmo sem o Plutão na casa 12. Continuo teimosa.
E continuo tentando achar saídas, pra não ter mais que ouvir do meu amigo lá do Rio, implorar pra que explodam o estado dele com ele dentro, "porque é a única solução". Continuo fazendo o meu papel, pra não ter mais que ouvir ele dizer que quem vive no Rio, viveria em Bagdá, tranquilamente.
Continuo lutando, incessantemente, pra não deixar essa célula que ainda me sobra, de paixão, de acreditar que dá pra melhorar alguma coisa, desaparecer.

É, todo mundo discute isso.

quinta-feira, 17 de agosto de 2006

Fim

Bom,

a viagem terminou e os relatos da pequena gaúcha solta em Munique também.
A partir de hoje, esse singelo sítio internético volta a ser o "Vícios, Ressacas, Delírios e Outras mentiras".

Obrigada a todos os leitores, comentaristas, não-comentaristas, convidados, espiões, metidos e invasores. Quem quiser, pode continuar acompanhando a minha vida, só que agora não tem mais o chiquê da Europa...acabou o glamour! :D

quarta-feira, 16 de agosto de 2006

Agradecimento

Promessa é dívida.

Foram três meses fantásticos. Passou voando mas valeu cada minuto.
Desde o dia em que cheguei, fui recebida só por pessoas especiais. Primeiro pelo Bruno, meu anfitrião, criatura dez vezes mais bagunceira que eu e que viveu o tempo todo com um medo desesperado das minhas arrumações no apartamento. Eu sempre ameaçava jogar a metade das coisas dele fora, mas era só pra deixar a convivência mais emocionante.
O Bruno é mil vezes mais prendado que eu. Faz pão, iogurte natural, truta no forno, lava, passa, costura e ainda atura um chefe mala que tem uma filha chamada Siri Greta Catarina.
O Bruno aturou minhas manias, minhas chatices, meus dias de mau-humor e minhas piadas sem graça.
Acho que nunca vou conseguir retribuir a disponibilidade, a confiança e todo o carinho com que ele me recebeu.

Durante esse tempo, conheci a Dani e o Zé: pernambucanos queridos, doces e divertidos, o Cris e a Ali: catarinenses que me adotaram como irmã, o Dinka, a Karina, a Karen: paulistas, japoneses e parceiraços o Jean, a Fernanda e a Amandinha: também paulistas, família linda e festeira. Foram essas pessoas que facilitarm os dias, me ajudaram a engambelar a saudade e tornaram tudo muito mais colorido.

Ainda da série de "pessoas especiais", não posso deixar de agradecer a Fabiene, minha chefe querida, mulher admirável e peça definitiva no sucesso do meu estágio. Ah, teve a Christina, alemoa engraçadíssima, fonoaudióloga na clínica, parceira pra sorvetes no meio da tarde e piadas sarcásticas que divertiam nossos dias.

Mas...eu sempre defendi que o melhor de uma viagem dessas é saber que a gente tem pra onde voltar. E eu tenho a melhor família do mundo: me receberam com sorrisos e abraços apertados e até me convenceram de que eles realmente sentiram minha falta...

Não posso deixar de citar a recepção calorosa das minhas amigas, em especial da Carol Bauer, minha fiel escudeira.
E, claro, a recepção cinematográfica ainda no aeroporto, do homem que me deixou sem fôlego e com as pernas bambas enquanto, me abraçando forte, confessou no meu ouvido que tava louco de saudades.

*

Danke sehr, München!
Eu ainda volto.

sexta-feira, 11 de agosto de 2006

Últimas notícias da batatolândia

So,

Últimas notícias mesmo, porque, pros desinformados, eu tou voltando amanha e chego domingo em Porto Alegre, se Alá quiser.

* Meu último dia de estágio foi bem triste, mas a experiência e as lembrancas que vao ficar sao as melhores!

* Vou ter que dar o braco a torcer e comprar outra mala. A situacao tá lamentável.

* Sim, eu tou tri atucanada com os atentados (frustrados, sim, mas eram atentados) em Londres. O governo alemao já avisou que as medidas de seguranca por aqui foram intensificadas e que está em contato com o governo britânico. Estao recomendando que os passageiros cheguem com MUITA antecedência nos aeroportos. Eu li que no Brasil também fecharam o cerco nos vôos internacionais. Eu já sou toda medrosa com avioes...Scheiße! Eles que nao inventem de abrir minhas malas. Porque, a nao ser que tenham um aspirador de pó no aeroporto, eu nao tenho como fechar novamente o meu saco de vácuo.

Enfim, eu tenho um texto de despedida dedicado à cidade e às pessoas que me acolheram aqui, mas eu posto ele outra hora. Agora, eu vou tratar de finalizar as malas e tomar um chazinho com calmantes.

Ah, tem fotos!

Beijos pra todos e até o Brasil.

P.S. caso aconteca alguma coisa com o meu aviao, me aguardem na próxima temporada do LOST.




Minha CHEFA querida. Eu vou sentir tua falta, Frau Hürner!


Eu nao lembro o nome dessa pentelhinha, só sei que é o projeto de feminista mais bem feito que eu já vi. "Meninos nao servem pra nada". Aham, espera ela chegar lá pelos 15.


Derramamento de lágrimas no meu último dia em Aichach.


Natalie e moi. Paciente mais doce nao há.


Dama das paradas de ônibus. Chinelona no Brasil, chinelona na Europa. Mas aqui, com MUITO mais glamour.


Eu nao sei o nome dessa praca, mas fica em cima da estacao Sendlinger Tor. Fica linda à noite.


Pânico no elevador da Sendlinger Tor. Ah, eu finjo tri bem, vai dizer...


Assim que eu for embora, ele vai dar uma festa. Bruno me aturou durante 3 meses, abriu as portas da sua mansao no centro de Munique e foi peca-chave na minha vinda pra cá. Nao tenho palavras pra agradecer!


Dani aterrorizando o U-Bahn.


Eu e Danilindinha, no dia em que saímos pra jantar. Menina arretada, pernambucana das boas e parceira pra todas as coisas: desde copa do mundo até show do David Gilmour...vou ficar com saudades, visse? Atualmente, de férias em Barcelona com Tartaruga.


Ali e Cris, pessoas lindas e muito especais. Atualmente, estao de férias em Portugal. Coisa chique.


Auf Wiedersehen!