sábado, 28 de outubro de 2006

Telefonema

-alo?
-mariana?
-sim, quem é?
-chico.
-chico, querido!
-morena, escrevi mais uma coisa pensando em ti.
-em mim?
-é. A conversa naquela noite me inspirou.
-conversa? Ah...sobre as coisas que eu te contei?
-é. Eu senti que tu precisava de um “puxão de orelhas”. Olha, foi o que eu te falei naquele dia...te conheço há tempo suficiente pra saber que toda essa coisa ta te deixando séria, amarga, pessimista e irreconhecível e que tu fica muito mais bonita quando diz que ainda acredita no amor e insiste em me puxar pra um banho de chuva, que nem aquele dia frio lá em Ipanema. Eu prefiro a mariana do sorriso fácil e das idéias loucas.
-nem tava frio.
-mariana, eu poderia te dizer vai passar, mas eu prefiro não me omitir. Não posso deixar que os teus dias se acabem enquanto tu dorme pra que eles passem mais rápido. Acorda, amor.
-e quando é que eu vou ler esse puxão de orelhas?
-não só vai ler como vai ouvir. tu vai ver que eu deixei no masculino, pra não ficar muito óbvio que é pra ti. e porque ficou mais sonoro também.
-ah, é uma música?
-é, tou terminando. Vem aqui em casa pra me ajudar a terminar ela. E traz cigarros, por favor. Fiquei sem.
-maço?
-sim. Cabem melhor no bolso.
-isso ainda vai te matar.
-eu vou morrer de cigarro e tu de angústia, se não vier logo ouvir o que eu tenho pra te dizer sobre esse absurdo que ta te consumindo.
-em meia hora eu tou aí.
-tou te esperando.


Pra quem não sabe, essa é verdadeira razão por que o Chico escreveu a música abaixo. Podem acreditar. ele escreveu umas outras pra mim, mas eu vou postando aos poucos, junto com as conversas que provam a nossa intimidade, pra vocês não acharem que eu sou louca e tou inventando.




Chico Buarque - Bom Conselho

Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor não passa
Espere sentado
Ou você se cansa
Está provado, quem espera nunca alcança
Venha, meu amigo
Deixe esse regaço
Brinque com meu fogo
Venha se queimar
Faça como eu digo
Faça como eu faço
Aja duas vezes antes de pensar
Corro atrás do tempo
Vim de não sei onde
Devagar é que não se vai longe
Eu semeio o vento
Na minha cidade
Vou pra rua e bebo a tempestade
Vou pra rua e bebo a tempestade
Vou pra rua e bebo a tempestade

2 comentários:

Anônimo disse...

Apaga!

Chris disse...

Que chique você, hein?! :-)