quando eu tinha uns 6 anos, minhas vizinhas gêmeas tinham 4. as duas me mordiam, me beliscavam, puxavam meu cabelo e eu ficava quieta. nunca bati nelas, nunca mordi, nada. sempre achei injusto, pois me achava muito grande e seria covardia.
eu nunca me queixava pra minha mãe. ficava quietinha, dentro da bancada que tinha no hall de entrada do prédio, escondida, até minha mãe vir me procurar. eu nunca entregava elas.
um dia a mãe delas viu a cena, pegou as duas e deu umas palmadas. e veio pra mim, dizendo que eu tinha que bater nelas também, só assim elas entenderiam.
eu nunca bati. nunca fiz papel de vítima também.
desde pequena eu aprendi a confiar na verdade. sempre foi a escolha mais difícil, mais lenta, mais indigesta. a espera pela verdade pode ser mais amarga do que a vingança.
essa passividade me acompanha até hoje. claro, hoje eu tenho mais malícia que não tinha quando criança, mas ainda prefiro esperar. só que a vida adulta é muito mais carregada de armadilhas e puxadas de tapete e, muitas vezes essa minha filosofia budista- que muitos criticam e outros tantos não acreditam- não sustenta a situação e eu acabo "perdendo". já fiquei com cara de paisagem infinitas vezes, quando fui rechaçada, acusada, julgada, retaliada por pessoas que eu posso enumerar, ainda bem. conto nos dedos de uma das mãos os meus desafetos.
e, embora as cicatrizes permaneçam, pois fazem parte do crescimento e da estruturação do caráter, não há mágoas, nem rancor, nem gosto amargo na boca. eu sempre perdoei tudo, todo mundo, engoli coisas a seco. engoli, digeri e devolvi pro lugar de onde vieram. e a verdade sempre reinou absoluta.
atualmente, tou numa situação muito delicada num dos lugares onde eu trabalho. tou sendo minada por uma pessoa que eu sempre considerei mais do que colega de trabalho. o que dói mais é a falta de caráter, a decepção, a traição.
só que agora o meu emprego tá em risco. talvez eu não tenha tempo pra esperar a verdade aparecer, dessa vez. é possível que ela só apareça depois que eu já tiver sido demitida, por exemplo. por mais que não existam motivos pra tanto.
mas nunca se sabe até onde o ser humano é capaz de ir quando a situação é ameaçadora. eu não sei mais do que essa minha colega é capaz. e talvez não queria pagar pra ver.
4 comentários:
amor, eu acho que tu tem um exemplo bem grande de como ficar quieto pode ser pior: o grêmio reverteu as punições em um dia, na base do GRITO de uma torcida inteira que mandou uma cacetada de emails, ligações e afins, e da comoção geral na imprensa.
é coisa de aula de gestão de crise de imagem: às vezes é melhor ficar quieto. mas é SÓ às vezes.
essa fofoca tu não me contou!!!!!!
o anônimo sou eu, nathália.
entendeu, nathália? o anônimo é ele(a).
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