terça-feira, 17 de janeiro de 2006

Guloseimas

E ficou tanto tempo com o mesmo chiclete na boca que um dia se deu conta que alguma coisa estava incomodando, mas não podia saber o que era.
O chiclete ficava sem gosto, duro, mas continuava lá...mergulhado na saliva, sendo jogado de um lado pra outro, sendo mascado por todos os dentes (os da frente, inclusive).
Havia adquirido uma técnica tão avançada de manter chicletes sem gosto na boca, que nem se dava conta. O hálito sempre fresquinho dava uma sensação de aparente conforto. Mas toda a situação cansava a mandíbula de uma maneira tal, que chegava a doer a articulação. E doía. Mas o vício permanecia ali. A mania, o comodismo. Desulivre jogar o chiclete fora. E cada vez que fazia isso, era um drama.
E sempre prometia: "tá, agora não quero mais mascar chiclete". Mas a promessa não durava 2 dias. Não conseguia mais viver sem chiclete, era impressionante.
Ninguém mais acreditava que ela fosse deixar de mascar, nem mesmo quando ela jurava, com raiva e gemendo de dor naquela articulação ali, perto da orelha.
Ela mascava sem fazer barulho. Sem estalar a língua. Tinha aprendido a ser tão discreta que poucos desconfiavam que ela tinha um chiclete na boca.

Até que um belo dia, ela descobriu o pirulito em forma de coração.
E gostou tanto, mas tanto, que cuspiu o chiclete fora sem o menor problema.
Só que daí, passou a andar com aquele palitinho plástico branco pra fora da boca. Era menos discreto, verdade. Mas ela gostava tanto do pirulito que não via motivos pra esconder...e até fazia questão de andar com aquele adorno pra fora da boca. Bem faceira.

Um comentário:

Anônimo disse...

Mas que bela grande metáfora...