quinta-feira, 30 de agosto de 2007

perspectiva

*29.08.2007*

daí eu tomo um cagaço da pneumologista da Santa Casa que me diz que se eu não tomar os dois corticóides e o antibiótico religiosamente, ela vai querer que eu fique no hospital curando a infecção respiratória que eu tou, antes que eu tenha uma pontada de pneumonia.

* 30.08.2007*


daí eu ouço da mãe do meu paciente de 12 anos, que ele foi espancado no colégio por um bando de maloqueiros, simplesmente pelo prazer da violência. na hora do recreio. no pátio da escola. ninguém fez nada. bateram no meu piá. doeu em mim.


daí eu ouço da avó do meu paciente (em prantos, implorando ajuda) que a mãe do piá (que tem transtorno bipolar e outras manifestações neurológicas e se nega a tomar os remédios) espancou a irmã, grávida de 5 meses e causou um descolamento de retina e ameaça de aborto. tudo isso na frente da criança. do meu piá.

*
e depois de tudo isso que eu ouvi hoje, a minha infecção respiratória vira um problema do tamanho de uma grão de areia.
me desejem fôlego, muito fôlego pra ajudar essa gente. NÃO POSSO ficar sem trabalhar.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

todo o romantismo que existe no mundo

mariana:
bah, eu vi a metade final de um filme agora que foi terrível.
mariana:
não devia ter visto
vinícius:
qual?

mariana:
minha vida sem mim
mariana:
muito triste e muito lindo.
mariana:
acho que eu ando muito sensível.
vinícius:
mariana, vai te catar.

mariana:
é verdade!
vinícius:
achei que fosse um filme de terror.
vinícius:
vai trabalhar.

mariana:
eu não vejo filme de terror.
vinícius:
que fresca.
mariana:
não.
vinícius:
absolutamente fresca.

mariana:
bom, se tu acha....o que eu posso fazer...mas que o filme é lindo, é.

vinícius:
então não é terrível.

mariana:
é terrível sim
mariana:
um soco na boca do estômago
vinícius:
fresca.
vinícius:
vai fazer uma faxina, limpar um banheiro, alguma coisa de útil.

*
nada como ter um namorado sensível e romântico, que entende momentos de sensibilidade e reflexão...ai ai.

sonho

essa noite eu sonhei que tava casando.

seria um sonho banal, como qualquer outro, não fosse a riqueza de detalhes e sensações que ele me causou. acho que foi a primeira vez que eu sonhei que eu tava casando.

o núcleo central era meu pai me ensinando como eu deveria fazer, explicando a ordem das coisas, tudo no meio de uma baita confusão porque, pelo jeito tudo tinha sido meio surpresa pra mim. o vestido não tinha sido escolha minha, eu não tinha arrumado os cabelos nem feito maquiagem. na primeira vez que entrei na igreja, esqueci o buquê. aí me deram uma segunda chance. eu tava linda, feliz, radiante. e é essa curiosa sensação que ficou, acordei com ela e posso sentir a mesma coisa até agora.

no meio da confusão, não conseguia achar o cd com a minha música de entrada, que é da trilha sonora do cinema paradiso e isso me deixou aflita. eu via os convidados chegarem, e tinha que entrar logo.

no fim das contas, eu não lembro se eu casei ou não.

*

cheguei em casa e fui ouvir o cd do cinema paradiso.
lembrei de quando eu tava num hotelzinho chinelão na parte velha de Florença, e que, quando eu deitei pra dormir, tava exatamente começando esse filme. dormi com a tv ligada, ouvindo os diálogos em italiando penetrarem na minha mente, fazendo toda aquela viagem parecer ainda mais real. a música do morricone confortou o meu sono naquela noite quente de verão como uma brisa morna. e, assim como hoje, acordei extremamente leve.

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

exercitando a imaginação

















saiu na playboy desse mês uma reportagem sobre anúncios falsos e rejeitados que serão compilados no livro: "As impublicáveis pérolas da propaganda".
muito engraçado.
por isso que redatores publicitários estão sempre fazendo piadinhas infames (que muitas vezes só eles entendem) e alguns trocadalhos do carilho...é puro excesso de criatividade. melhor chamar assim.

mais aqui.

desabafo.

EU ODEIO O MEU COMPUTADOR!

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

indeixável

conversa de msn:

Bueno
o que a mulher do einstein disse quando ele tirou a camisa?

mariana
hmmm

Bueno
"Nossa, que físico!"

mariana
ahhhh

mariana
achei que tinha a ver com algo tipo "eureka!"

Bueno
ahahah

Bueno
se ele fosse o arquimedes

mariana
eu acho que todos os cientistas falam eureka, tá? me deixa.

Bueno
nunca

Bueno
tu é indeixável

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

vingança.

(ela recorta a imagem de um homem lindo e estupidamente gostoso de uma revista)
-ó. um marido pra ti.
(eu)
-bah! que lindo! onde será que eu acho ele?! mas tem um problema: o que eu vou dizer pro meu namorado?
-nada, ué. esconde dele.

a vingança feminina tarda mas não falha.
e ela só tem 8 anos.

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Sobre as cotas

depois de um mês, conforme combinado, deixo aqui o resultado da enquete que eu propus, sobre as cotas. pode ser que isso não diga nada pra muita gente, mas independente de qualquer coisa, deixo abaixo a minha versão sobre tudo isso.






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o que eu mais tenho escutado nos últimos meses em relação a tudo isso que tá acontecendo no país é "pelo menos".mas não é um "pelo menos" como os outros. esse vem carregado de uma falsa sensação de (des)compromisso, um sentimento que beira a comodidade, a negligência. cruza com a hipocrisia.

pessoas são assaltadas, sequestradas, têm suas coisas materiais e morais roubadas. mas "pelo menos" estão vivas.

descobrem um escândalo por dia em brasília. mas "pelo menos" estão investigando.

esses "pelo menos" estão tornando as pessoas mais covardes, mais resignadas, descrentes. está acontecendo um cultivo geral de um tipo de desonestidade que atrapalha qualquer visão que queremos ter da sociedade. é a desonestidade com a gente mesmo. é fingir que tá tudo bem, quando tudo está desmoronando.

ser honesto é saber lidar com a realidade como ela é.

essa é a melhor definição que eu já ouvi.

muito bem. existe uma realidade que dorme e acorda com a gente, todos os dias. mas é preciso que a gente também acorde todas as manhãs junto com a realidade.

eu fiz questão de escrever sobre as cotas por inúmeros motivos. mas principalmente porque todas as vezes que tentei discutir sobre isso com pessoas que pensam diferente de mim, ouvi exatamente o mesmo discurso, as mesmas frases.

primeiro, me acusaram ora de racista, ora de burguesa, pra que eu perdesse o fio da meada. comecei a me dar conta de que eu estava quase pedindo desculpas por não ter tanta melanina assim, ou por ter estudado em colégio particular desde o jardim. o jogo de inversões é tamanho, que é preciso muita coragem pra dizer isso em público. o pior é que o público normalmente estudou no mesmo colégio que tu, e tem as mesmas condições financeiras.

eu não vou me justificar, dizendo que eu não sou racista nem burguesa, porque eu já não me abalo mais com essas facadas de baixo-nível. meus conceitos de racismo e burguesia vão além de tudo isso.

na maioria das vezes, parece que surge um efeito coletivo de alívio, um efeito placebo, um monte de "pelo menos" quando se fala nas cotas. na verdade, problema nenhum está sendo resolvido com isso. todo mundo sabe. mas é muito mais social e politicamente correto se dizer a favor, do que arriscar ofensas pejorativas e PRECONCEITUOSAS, se dizendo contra.


a população brasileira tem uma enorme dificuldade em se reconhecer como sociedade e conviver com a realidade. desde sempre, todo mundo é acostumado com governos paternalistas, sem importar a legenda do partido. se elege aquele que conquista a maioria dos mais pobres e promete mais coisas. sempre foi assim. um péssimo hábito que, como todos os hábitos, vai ser muito difícil de abandonar.

essa desonestidade tá tão encravada no povo que fica quase impossível falar sobre o assunto. e, só pra encurtar a história, eu vou me preocupar em falar sobre as cotas para alunos de escolas públicas, porque falar de raça no brasil e determinar fenótipos é quase tão subjetivo quanto dar opinião sobre um filme ou um livro.

"as cotas são uma medida provisória e imediata."

teoricamente, até podem ser. com tantos anos de medidas imediatas no brasil, poderíamos ter investido numa mudança de verdade, no caso da educação, investindo em escolas de ensino fundamental, por exemplo. o bolsa-família é pra ser uma medida imediata, pra minimizar a fome. mas, o que acontece na realidade? as famílias têm mais filhos, lógico! assim, garantem mais dinheiro. quem vai recriminar essa atitude? sabem que tem o governo pra ajudar, ué! sendo assim, as medidas imediatas, vão transformando a sociedade e gerando um círculo vicioso de inter-dependência entre povo e governo.

"ah, mas pelo menos tem o bolsa-família e o sistema de cotas...."

mais uma pra coleção dos "pelo menos". essa justificativa é extremamente rasa, é como dizer que "pelo menos não tem vulcão nem terremoto no brasil", apesar de tudo estar um caos. é quase uma ironia.

"precisamos dar uma chance aos pobres e aos negros, pra que eles possam estudar."

não se resolve um problema histórico de um jeito tão superficial como esse. repito: o que me revolta, não é a tentativa de instituir a igualdade, mas sim, o jeito que isso é feito. A sociedade é desigual, sim, e sempre foi. Mas só tem um jeito de tentar minimizar isso, o que vai levar vááários anos e o sistema de cotas só vem pra segregar e deixar a sociedade cada vez mais segmentada.

mesmo com o sistema de cotas, os pobres vão continuar pobres e os negros beneficiados pelas cotas vão continuar negros e pobres. mas, mais uma vez, o governo foge das suas obrigações e devolve o problema pro povo, que continua se matando por qualquer tipo de oportunidade.

.

O que me enoja nas pessoas que se dizem a favor, é o ar de petulância e prepotência e superioridade que respiram. O "ser do povo" e toda a conotação intelectual que vem junto. O mesmo ar de petulância e prepotência que Hitler respirava. Exatamente o mesmo.

Nomes pomposos, titulação, um breve currículo que dá respaldo a toda aquela opinião que vem logo em seguida. Como se a gente precisasse de "moral" acadêmica e científica pra soprar a neblina da hipocrisia que cega os mais ortodoxos, apontando a realidade que acorda com a gente e que parece passar longe dos olhos dos pró-cotas.

O que me enoja também é que, a maioria dessa gente, discute e defende tudo isso com o nariz empinado, pregando a igualdade entre as classes, na beira da piscina tomando whisky, do alto da sua cobertura na zona nobre da cidade, de dentro do seu carro importado ou sentada no salário gordo que o governo paga.

Querem começar com a igualdade? Discutam sobre o vestibular. Acabem com essa farsa, essa forma eliminatória e injusta de ingresso nas universidades! Assim, ninguém vai precisar das cotas.

Pra que haja igualdade, tem que mexer no bolso. O pior racismo, o racismo velado, é esse encoberto pelos títulos dessa classe elitizada de professores universitários, diretores, reitores, ministros, que preferem consentir com um absurdo desses do que baixar o padrão de vida. E o pior de tudo, é que o povo aceite isso como um grande favor, fortalecendo a grande filosofia brasileira, da "lei da vantagem".



Mariana Batista Lima, fonoaudióloga clínica de pobres, negros, índios e brancos, atualmente inserida em escolas infantis, promovendo a saúde, a educação e prevenindo o preconceito e os problemas de comunicação.

domingo, 12 de agosto de 2007

dose dupla

pro meu pai, hoje a comemoração foi em dobro: dia dos pais + aniversário!

parabéns pro melhor pai do mundo, que, do alto dos seus 58 anos, continua sendo o melhor super-herói de todos e continua me ajudando a acabar com os monstros que, de vez em quando, ainda aparecem debaixo da minha cama.

é o melhor contador de histórias que existe.

te amo, pai!

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

ele:
- amor, tu prefere os homens fortes ou inteligentes?
ela:
- os inseguros, amor....os inseguros...

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Flhos do Paraíso

Um filme iraniano sem aquela conotação "cult" de filmes-cabeça com assuntos totalmente alternativos que normalmente passam na Casa de Cultura, no Santander Cultural ou no Gasômetro, onde as pessoas saem sem entender nada mas não perdem a pose blasé pros outros pensarem que todo mundo entendeu tudo e que tudo isso é muito natural.

Nada disso. Eu assisti terça feira na NET, em casa, de pijama e pantufa, sem nenhuma condição de fingir um ar blasé. Peguei no começo, sem querer e acabei atrasando a hora de dormir porque simplesmente não conseguia parar de ver.

Vejam. Vocês não vão se arrepender.

http://adorocinema.cidadeinternet.com.br/filmes/filhos-do-paraiso/filhos-do-paraiso.asp



quinta-feira, 2 de agosto de 2007

maldito gene

- e então, como foram as férias?
- ah, muito boas, fui pra praia.
- ah é? qual praia?
- balneário gaivota, em santa catarina.
- ahh que legal!
- bah, nem consegui ir na aula segunda. desde sexta só futebol de dia e festa de noite.
- hmmm
- ah, fiquei com uma guria.
- é mesmo?
- é, teve uma festa na casa de um amigo meu.
- mas e a tua namorada? não ficou braba?
- ah, ficou. mas eu não contei pra ela.
- e como ela sabe?
- ficou sabendo por outros. mas ela já tava braba comigo porque eu fui pra praia.
- mas e tu não vai falar com ela?
- vou, claro!
- e o que tu vai dizer?
- ah, que essa outra aí eu só dei uns beijinhos, foi uma noite só. ela até nem era bonita. vou dizer que eu gosto mesmo é dela.
- e se ela continuar braba?
- ah, eu resolvo isso. escrevo um cartão, dou um bombom. tenho até um colarzinho com o nome dela ó! daí ainda convido ela pra passar o verão comigo lá na praia. sei que ela vai gostar de mim de novo.
- aham.

.

essa conversa não teria nada de mais se quem tivesse conversando comigo não fosse um paciente meu, de 11 anos. ONZE ANOS, vocês leram bem!
depois dessa, eu definitivamente dei o braço a torcer. essa canalhice de "eu traio e depois (penso que) conserto" é parte da estrutura genética masculina.

onze anos...puta que pariu!